Centrais querem reunião com governador do RS sobre reajuste do piso regional
O presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, espera que o governador agende uma reunião para o início da próxima semana com as centrais
Publicado: 04 Novembro, 2022 - 17h12
Escrito por: CUT - RS
As centrais sindicais do Rio Grande do Sul encaminharam nesta sexta-feira (4) uma nova solicitação de reunião urgente com o governador Ranolfo Vieira Junior (PSDB), que assumiu após a renúncia do ex-governador e agora reeleito Eduardo Leite (PSDB), para tratar do reajuste do salário mínimo regional de 2022.
A data-base do chamado piso regional é 1º de fevereiro e, passados nove meses, o governo tucano ainda não enviou um projeto de lei para a Assembleia Legislativa com uma proposta de reajuste, conforme determina a legislação vigente.
A reivindicação dos dirigentes sindicais é 15,58% de reajuste, que considera a reposição de 10,60% referente à variação do INPC de 2021 até janeiro deste ano e a recuperação de 4,50% correspondente ao INPC de 2019, que não foi pago em 2020, segundo cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
O presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, espera que o governador agende uma reunião para o início da próxima semana com as centrais. “É fundamental ouvir os dirigentes sindicais e enviar o projeto o mais breve possível e em regime de urgência para a Assembleia, para que seja logo debatido e votado pelos deputados estaduais”, enfatiza.
A demanda foi entregue pelas centrais ao governo do Estado em 15 de fevereiro. A proposta foi discutida em reuniões no mês de junho com o secretário-chefe da Casa Civil, Artur Lemos Junior, bem como em mesas de diálogo promovida entre março e abrir pelo presidente da Assembleia, deputado Valdeci Oliveira (PT), com a participação do Conselho Estadual de Trabalho, Emprego e Renda.
Passou o período tenso da disputa eleitoral
“Passado esse período tenso da disputa eleitoral, o governo do Estado precisa enfrentar e agir com urgência e amenizar a situação análoga à miséria em que vive essa parcela da população que recebe baixos salários e que não possui representação sindical formal e, portanto, desprovida das condições necessárias para estabelecer negociação direta com seu empregador”, destaca o documento das centrais.
As entidades denunciam “a hipocrisia de alguns setores empresariais que teimam em sustentar um viés ideológico, se contrapondo desumanamente a este instrumento que garante uma renda minimamente digna aos trabalhadores e às trabalhadoras”.
RS paga mais baixo piso regional no Sul do Brasil
O Rio Grande do Sul é o único estado do Sul do Brasil que ainda não concedeu reajuste em 2022, além de ter o mais baixo piso regional. Segundo estudo do Dieese, o RS paga atualmente R$ 1.305,56 para a menor faixa salarial, enquanto o valor em Santa Catarina é de R$ 1.416,00 e no Paraná é de R$ 1.617,00.
“Não podemos esperar mais e ainda ficar atrás dos estados vizinhos, cuja economia é muito parecida com a nossa e possuem menores índices de desemprego, o que comprova que o mínimo regional é bom para trabalhadores e empresários”, salienta o secretário de Organização e Política Sindical da CUT-RS, Claudir Nespolo. Mais de 1,5 milhão de gaúchos e gaúchas recebem o mínimo regional.
Cada mês sem reajuste significa apropriação de dinheiro do trabalhador
O secretário de Administração e Finanças da CUT-RS, Antônio Güntzel, alerta que a fome cresceu no Brasil. Segundo dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), 33,1 milhões de brasileiros passaram a conviver com a fome, “o que é inadmissível”.
“Cada mês sem reajuste do piso regional significa apropriação de dinheiro do trabalhador e da trabalhadora pelas empresas, enquanto a inflação do período foi alta e os preços dos alimentos continuam nas alturas”, destaca Antônio. “Essa política nefasta representa concentração de renda nas mãos de poucos e empobrecimento da classe trabalhadora”, critica.