Cercados pela PM, agricultores resistem ao despejo de 150 famílias no Ceará
Em nota, CUT-CE reforça apoio e solidariedade às famílias do MST que lutam pelo direito à terra
Publicado: 21 Novembro, 2018 - 14h52 | Última modificação: 21 Novembro, 2018 - 15h17
Escrito por: CUT-CE
Famílias acampadas, inclusive em áreas já negociadas com o Governo do Estado e Governo Federal, vêm sendo atacadas por uma ofensiva série de despejos e ameaças nos últimos meses. O alvo da vez, nesta quarta-feira (21), é o acampamento Zé Maria do Tomé, na Chapada do Apodi, no município cearense de Limoeiro do Norte. A ofensiva contra essas famílias faz parte do recrudescimento da repressão aos movimentos sociais, que tem se aprofundado desde a vitória eleitoral de Jair Bolsonaro. Segundo juristas, a manutenção do discurso de ódio contra organizações pode configurar crime de responsabilidade.
Cerca de 150 famílias de agricultores do acampamento Zé Maria do Tomé resistem e negociam com a Polícia Militar para impedir o cumprimento de uma ordem judicial de despejo em uma área da União, que está localizada em um perímetro irrigado com forte presença do agronegócio. Centenas de famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) começaram a ocupar a área em maio de 2014, oriundas de todo Estado do Ceará, e das famílias sem terra de 36 comunidades de Limoeiro do Norte, Quixeré e Tabuleiro do Norte.
Os trabalhadores rurais sem-terra, que ocupam a área há mais de quatro anos, são símbolos da resistência e luta contra o modelo excludente do agronegócio. Mais ainda: contra o envenenamento da população e a contaminação da região pelo uso excessivo de agrotóxicos. A CUT-CE apóia a resistência dos acampados no Vale do Jaguaribe e repudia a tentativa de remoção das famílias do acampamento Zé Maria do Tomé. Exige, ainda, o estabelecimento da posse incondicional da terra ocupada às famílias sem-terra.
Com o avanço do golpe parlamentar, jurídico e midiático que teve início em 2016 e com a vitória recente nas urnas da extrema-direita no Brasil, as forças reacionárias do judiciário, do agronegócio e do capital continuam a se voltar contra os trabalhadores e trabalhadoras. A luta continua! Toda nossa admiração e solidariedade aos companheiros sem-terra.
Defendemos o Acampamento Zé Maria do Tomé, o direito à terra, a luta pelos direitos e pela democracia!
Fortaleza, 21 de novembro de 2018
Direção-Executiva da CUT-CE