CGU investiga licitação de poços com indícios de sobrepreço feita pela Funasa
Bolsonaro entregou ao Centrão um departamento da Funasa que fez licitação para ligar poços de água no sertão nordestino com indícios de sobrepreço de R$ 131 milhões
Publicado: 19 Agosto, 2022 - 11h35 | Última modificação: 19 Agosto, 2022 - 11h45
Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz
Uma licitação de R$ 454 milhões para ligar poços de água no sertão nordestino, realizada pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa), que o presidente Jair Bolsonaro (PL) entregou para o Centrão comandar, está sob suspeita da Controladoria Geral da União (CGU) e do Tribunal de Contas da União (TCU) porque há indícios de sobrepreço de R$ 131 milhões.
O pregão foi realizado pelo Departamento de Engenharia de Saúde Pública (Densp), cujo diretor Marlos Costa de Andrade foi indicado para a vaga pelo deputado Domingo Neto (PSD-CE), um aliado do governo.
A denúncia é do Estadão, que vem publicando uma série de reportagens sobre o problema nos poços do Nordeste. Como revelou o jornal, inúmeros poços já perfurados estão lacrados, mas as obras pararam na metade e a população segue sem acesso à água.
Aliado político arremata a maior parte do serviço
De acordo com om jornal, o pregão foi vencido por três grupos, mas a maior parte do serviço contratado foi arrematada por uma empresa cearense, cujo sócio é aliado político e correligionário do parlamentar. As empresas deverão completar a instalação de 5.802 equipamentos que estão ociosos nos nove Estados do Nordeste e também no norte de Minas.
“A principal empresa do consórcio é a Edmil Construções. Com outras duas firmas, ela arrematou o serviço em oito dos dez Estados contemplados. O dono, Edmilson Junior, é presidente do diretório do PSD em Quixeramobim e prefeito em exercício”, destaca o jornal.
Ainda segundo o Estadão, análise dos técnicos da CGU indicou que os preços dos equipamentos foram inflados pela Funasa, que colocou estimativas muito acima do valor do mercado para equipamentos como canos e bombas.
A empresa do prefeito em exercício, prossegue o jornal, passou a faturar mais do governo federal na gestão Bolsonaro. De 2014 a 2017, recebeu R$ 24 milhões por contratos de fornecimento de água. De 2020 a 2022, recebeu R$ 54 milhões principalmente da Codevasf e da Funasa.