Escrito por: Redação CUT
Reportagem revelou que, em pleno verão, o reservatório da Cantareira apresenta os mesmos níveis de quatro anos atrás, quando explodiu a crise hídrica em São Paulo
O chefe da Agência Brasil em São Paulo, Décio Trujilo, foi demitido após uma reportagem de sua equipe ter desagradado a Agência Nacional de Águas (ANA) e o secretário de Recursos Hídricos de São Paulo, Benedito Braga, que também é presidente do Conselho Mundial da Água.
Na reportagem "Apesar de obras, São Paulo ainda precisa de chuva para evitar nova crise hídrica", Braga chegou a afirmar que está aguardando que as chuvas de verão encham os reservatórios e o governo de São Paulo fique sossegado no início do ano que vem. Ele só esqueceu que o verão está acabando.
Desde janeiro, depois de fechar um contrato no valor de R$ 1,8 milhão com a ANA, a EBC vem produzindo matérias positivas sobre o 8º Fórum Mundial da Água, evento que será realizado em março, em Brasília, e é denunciado por movimentos sindicais e populares de ser um evento de mercantilização da água.
Apesar de a negociação ferir o caráter público da Agência Brasil, como apontou em nota a Comissão dos empregados da EBC (SP) e o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (SJSP), as matérias compradas estavam sendo feitas. Porém, a abordagem incomodou o secretário do governador tucano Geraldo Alckmin (PSDB).
“Se o governo Alckmin não conseguiu fazer todas as obras necessárias para não depender somente da chuva e se prevenir de uma nova crise hídrica em um dos maiores e mais importantes estados do País, não pode ficar irritado com a verdade”, ironizou o secretário de Comunicação da CUT, Roni Barbosa.
“O governo que assuma o seus erros e faça o que deve ser feito”, completou Roni, questionando se o “Fórum Mundial da Água não vai abordar a histórica crise hídrica que deixou milhões de paulistas sem água durante praticamente três anos.”
“Se não falar de um assunto tão importante como esse, falarão do que?”, questionou.
Para ele, a censura tem sido uma constante desde que o ilegítimo e golpista Michel Temer (MDB-SP) assumiu o governo por meio de um golpe de Estado.
“Uma das primeiras medidas foi justamente uma interferência na EBC, com demissões, perseguições, alterações na lei”, destacou Roni, ressaltando que a CUT apoiará os trabalhadores e trabalhadoras da EBC por meio de seus sindicatos.
“Lutaremos contra essa grande injustiça e brigaremos para reverter essa decisão”, concluiu.
Jornalistas se manifestam
Em nota, os jornalistas da EBC pedem que, pelo menos, “seja sinalizado ao leitor de que se trata de conteúdos pagos e com aprovação prévia de um cliente”.
Além disso, eles pedem que seja facultado aos repórteres assinar, ou não, qualquer uma das reportagens patrocinadas.
"O ambiente de censura e perseguição nos veículos públicos da EBC não é novidade. Termos de Ajustamento de Conduta (TAC), assédio moral e advertências são uma constante nas práticas jornalísticas de chefes comissionados do governo de Michel Temer para intimidar jornalistas", diz a nota.
*Com informações da RBA