Escrito por: RBA

Chega a 36 o número de mortos no litoral norte de SP; 40 pessoas estão desaparecidas

Fortes chuvas na região deixaram ainda 228 pessoas desalojadas e 338 desabrigadas. Somente em São Sebastião 40 pessoas estão desaparecidas. Lula visita a região

Governo de SP / Divulgação
Deslizamento na Rio-Santos prejudica o tráfego no litoral norte

As fortes chuvas que castigaram as cidades do litoral norte de São Paulo entre sábado (18) e a madrugada de domingo (19) causaram 36 mortes, de acordo com atualização até a manhã desta segunda-feira (20). Até o momento, 40 pessoas desaparecidas, de acordo com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas  (Republicanos).

Cerca de 560 pessoas precisaram deixar suas casas, sendo 228 desalojadas e 338 desabrigadas. Foram diversos pontos de desabamentos, inundações, queda de barreiras e bloqueios de estradas, além de problemas de abastecimento de água.

O pior cenário foi em São Sebastião, mas a destruição atingiu também Ubatuba, Caraguatatuba, Ilhabela e Bertioga. Campanhas de doação de mantimentos foram abertas (veja abaixo). No domingo, o governador do estado, dirigiu-se à região ao lado do coordenador estadual da Defesa Civil, Coronel Henguel Ricardo Pereira. Foi montado um grupo de gerenciamento de ações para atendimento aos afetados.

Lula visita áreas atingidas 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visita hoje (20) as áreas afetadas pelas fortes chuvas e desabamentos no litoral paulista, especialmente em São Sebastião, o município mais atingido pelas chuvas, que superaram 600 milímetros em menos de oito horas.

Em mensagem divulgada ontem à noite (19) no Twitter, Lula disse que serão reunidos todos os níveis de governo e, com a solidariedade da sociedade, atender feridos, buscar desaparecidos, restabelecer as rodovias, ligações de energia e telecomunicações na região. Lula lamentou as mortes causadas pelas chuvas e manifestou solidariedade às famílias.

Todo o governo federal, através da @defesacivilbr e das Forças Armadas, estão à disposição e atuando para ajudar no que for necessário e somar esforços ao governo de São Paulo e prefeituras no auxílio às vítimas.

— Lula (@LulaOficial) February 19, 2023

O presidente disse ainda que conversou com o ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, com o governador de São Paulo e com o prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto sobre a situação.

Ministros atuam contra os efeitos das chuvas

O ministro das Relações Institucionais da Presidência da República, Alexandre Padilha, integra a comitiva de ministros e outras autoridades federais para dar apoio e ver que medidas o governo federal pode adotar diante dos efeitos das chuvas.

Acompanhado dos ministros da Integração Nacional, Waldez Góes, e de Portos e Aeroportos, Márcio França, o ministro deverá estar no município de São Sebastião, para acompanhar os trabalhos de resgate e de apoio às vítimas da tragédia.

“Estamos consternados, prestando solidariedade às vitimas”, disse o ministro. “Estaremos na área verificando quais medidas adicionais podem ser tomadas. O presidente Lula já determinou toda a estrutura de defesa civil, toda a estrutura portuária, e o governo está todo a disposição e agindo para o socorro às vítimas. Estaremos sempre juntos da população de São Sebastião”, afirmou.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), ficou ilhada em Guarujá (SP), onde passa o feriado de Carnaval, cidade em que tem um apartamento, e por conta dos trechos com bloqueios nas estradas não conseguirá acompanhar a comitiva presidencial. 

 

Situação caótica

São Sebastião registrou 627 milímetros de chuva em 24 horas, mais que o dobro da média histórica para todo o mês de fevereiro, de 229mm. O prefeito Felipe Augusto (PSDB) decretou estado de calamidade pública e a programação do carnaval foi cancelada. Seis escolas foram abertas para receber famílias desabrigadas. Na Barra do Una, Juquehy, Camburi e Boiçucanga choveu mais de 400 milímetros durante a madrugada em um período de quatro horas.

A vítima fatal adulta foi identificada pela prefeitura como Fabiana de Freitas Sá, coordenadora do Programa Criança Feliz. Ela residia na Estrada da Maquinha, em Boiçucanga. O bebê de nove meses estava em Camburi. Segundo Felipe Augusto há mais feridos, alguns em estado grave, e a cidade ficou sem acesso por terra. Via redes sociais, ele afirmou que muitas pessoas ainda estão debaixo de escombros de casas que desmoronaram, sem que as equipes de resgate consigam chegar. “A situação é muito caótica”, disse.

Falta de água

Em Ubatuba, o volume de chuvas chegou a 335 milímetros alagando pelo menos 15 ruas e causando problemas no abastecimento de água. “O tratamento teve de ser interrompido devido à grande quantidade de galhos, lama e pedras”, informou a Sabesp. Caminhões pipa foram acionados para atender a população. Em Ilhabela, foram 337mm e a cidade foi colocada em estado de atenção. A região mais afetada foi o lado sul com solapamento de vias, alagamentos e deslizamentos de terra. Há, também, dificuldades com o abastacimento de água.

Dilúvios

Em Bertioga, o índice de precipitação bateu nos 683 milímetros em 24 horas e foi decretado estado de emergência. A cidade registrou diversos pontos de alagamentos e a programação do carnaval foi toda cancelada. Em Caraguatatuba, segundo a Defesa Civil, o acumulado de chuva em 24 horas foi de 395 milímetros, maior que a média histórica para todo o mês de fevereiro, de 287,4mm. Há desabrigados, acolhidos pela administração municipal, e desalojados, que foram para casa de parentes. A agenda do carnaval foi cancelada.

Estradas

Trechos da rodovia Rio-Santos, que atravessa o município de Ubatuba, ficaram interditados nos dois sentidos entre os quilômetros 10 e 35 devido a queda de barreiras e já foram liberados. A Mogi-Bertioga foi interditada na altura do quilômetro 82, em Biritiba Mirim, devido ao rompimento de uma tubulação. Não há previsão para liberação da pista e os motoristas são orientados a trafegar pelo Sistema Anchieta/Imigrantes, rodovia dos Tamoios e Oswaldo Cruz. Na Tamoios, porém, houve o fechamento da Serra Antiga. A Serra Nova operava em sistema de comboio com sistema pare e siga.

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