Escrito por: Luiz Carvalho
Para economistas, cenário de recessão foi criado a partir da vitória de Dilma nas últimas eleições e precisa de resposta mais firme da esquerda
No dia em que diversas organizações, entre as quais a CUT, divulgaram um manifesto por mudanças na política econômica de ajustes fiscais, o PT promoveu um debate com economistas para apontar um antídoto ao receituário neoliberal que tomou o governo de assalto.
Com críticas à incapacidade do partido de apresentar uma posição clara sobre os rumos econômicos, que permitiu a adoção de um modelo que contradiz o modelo de desenvolvimento adotado desde 2005, os economistas apontaram que a crise é resultado direto de um clima de recessão criado a partir das últimas eleições.
Para o ex-secretário do Tesouro Nacional Arno Augustin o Brasil da última década deixou a posição de devedor para credor internacional e comparou a relação dívida-PIB (Produto Interno Bruto) do final de 2001 (62,9%) com a situação em dezembro de 2014 (36,7%) para defender que a crise fiscal é algo a ser questionado.
“A situação fiscal é invejável e não é necessário e nem recomendável uma política de redução do crescimento do ponto de vista fiscal. O país tem de voltar a priorizar o crescimento e investimento econômico e o primeiro passo é mudarmos a política monetária contracionista, que já tem custo fiscal muito alto, mas vai aumentar a dívida pública”, disse.
De acordo com o Augustin, num sistema em que o Estado é fundamental para o crescimento, porque o sistema financeiro pratica altas taxas para empréstimo e cria enorme dificuldade de investimento no setor privado, os ajustes fiscais levarão a novos ajustes.
“É um ciclo vicioso que gera necessidade de novos ajustes e não preparação para crescimento futuro”, disse.
Assinar carteira é melhor do que ajuste
Para a pesquisadora do Cesit (Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho), da Unicamp, Marilane Teixeira, tão ou mais eficiente que os ajustes fiscais seria inserir formalmente os trabalhadores no mercado de trabalho.
“O impacto econômico dos ajustes das MPs (medidas provisórias) 664 e 665 é comparável ao incremento à economia que o registro de 18, 19 milhões de trabalhadores traria em torno de R$ 60 milhões ao ano”, disse.
Cientista político e professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) Juarez Guimarães ressalta que a disputa pelo modelo de desenvolvimento é um embate pela hegemonia política e para definir a quem será destinado o país.