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Cientistas de 112 países listam recomendações contra ameaça da covid-19

Para acabar com a emergência de saúde pública da covid no mundo, centenas de cientistas de todo o mundo listam 57 recomendações

Publicado: 10 Novembro, 2022 - 09h59 | Última modificação: 10 Novembro, 2022 - 17h58

Escrito por: Redação RBA

Arquivo pessoal/Reprodução
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Um grupo de 386 cientistas de 112 países publicou uma lista com 57 recomendações para acabar com a ameaça da covid-19. Eles consolidaram as informações em um artigo publicado hoje (9) na revista científica Nature. O texto é intitulado “Um consenso multinacional para acabar com a ameaça à saúde pública da covid-19”. Dez cientistas brasileiros participaram do painel,sendo cinco membros da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

O estudo divide as recomendações em seis áreas: desenvolver uma comunicação efetiva; fortalecer os sistemas de saúde; enfatizar a vacinação, mas não exclusivamente; promover medidas de prevenção; expandir os tratamentos; e combater as desigualdades. Os cientistas lamentam que o negacionismo de grupos políticos, como o do presidente Jair Bolsonaro, tenha exercido grande impacto na condução da panemia.

“Apesar dos notáveis avanços científicos e médicos, a resposta do mundo à covid-19 foi prejudicada por fatores políticos, sociais e comportamentais mais amplos, como informações falsas, hesitação em se vacinar, coordenação global inconsistente e distribuição desigual de equipamentos, vacinas e tratamentos”, afirma o texto.

A Fiocruz ainda lembra, em nota, que os desafios não acabaram. Pelo contrário, o mundo enfrenta uma nova onda de contágio. “O vírus prejudicou o atendimento de outras doenças e causa desafios devido à covid-19 de longa duração. Além disso, o patógeno vem acumulando mutações. Isso pode fazer com que, eventualmente, ele consiga escapar da resposta imune provocada pelas vacinas e por infecções anteriores”.

Método e recomendações

O estudo utilizou uma metodologia chamada “Delphi”, que analisa diversos estudos e políticas públicas aplicadas. Então, o método busca consenso. Das 57 recomendações, 51 tiveram 95% ou mais de aprovação dos cientistas. “As recomendações de consenso resultantes podem servir como uma base sólida para a tomada de decisões para acabar com o Covid-19 como uma ameaça à saúde pública e permitir uma retomada mais durável das atividades sociais”, afirma o estudo.

Entre as recomendações, disponíveis na íntegra no site da Nature, a Fiocruz destaca as 10 principais. São elas:

Sistemas de saúde

  • A preparação e o planejamento de resposta à pandemia devem adotar uma abordagem de toda a sociedade, que inclua várias disciplinas, setores e atores (por exemplo, negócios, sociedade civil, engenharia, comunidades religiosas, modelagem matemática, militares, mídia e psicologia). 
  • As estratégias de preparação e resposta devem adotar abordagens de todo o governo. Por exemplo, coordenação multiministerial, para identificar, revisar e abordar a resiliência nos sistemas de saúde. 

Comunicação

  • Líderes comunitários, especialistas científicos e autoridades de saúde pública devem colaborar para desenvolver mensagens de saúde pública que construam e aumentem a confiança individual e comunitária e usem os meios preferidos de acesso e comunicação para diferentes populações.
  • As autoridades de saúde pública devem fazer parcerias com indivíduos e organizações confiáveis em suas comunidades para fornecer informações precisas e acessíveis sobre a pandemia e informar as mudanças de comportamento. 
  • Os profissionais e autoridades de saúde pública devem combater proativamente informações falsas. Com base em mensagens claras, diretas e culturalmente responsivas, livres de jargões científicos desnecessários. 

Prevenção

  • Todos os países devem adotar uma abordagem “vacinas mais”, que inclua uma combinação de vacinação contra a Covid-19, medidas de prevenção, tratamento e incentivos financeiros.

Iniquidades pandêmicas

  • A preparação e a resposta à pandemia devem abordar as iniquidades sociais e de saúde pré-existentes.
  • As organizações globais de comércio e saúde devem se coordenar com os países para negociar a transferência de tecnologias que permitam aos fabricantes de países de baixa e média renda desenvolver vacinas, testes e terapêuticas de qualidade garantida e acessíveis.

Vacinação

  • O financiamento governamental, filantrópico e da indústria deve incluir um foco no desenvolvimento de vacinas que forneçam proteção duradoura contra diversas variantes do Sars-CoV-2. 

Tratamento e cuidado

  • Promover a colaboração multissetorial para acelerar o desenvolvimento de novas terapias para todas as fases da Covid-19 (por exemplo, ambulatório, hospitalização e Covid longa).