CNM-CUT: Metalúrgicos lançam campanha contra o racismo no trabalho
Estudo do IBGE mostra que as pessoas negras ganham menos do que as brancas e ainda são minorias nos cargos de chefia. Sindicalistas cobram que o racismo estrutural seja levado em conta na mesa de negociação tra
Com “pílulas antirracistas”, a Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT) lançou neste mês, que celebra a Consciência Negra, a campanha “Metalúrgicos contra o racismo no trabalho e na vida”. São 30 vídeos, cada um com pouco mais de um minuto, veiculados diariamente nas redes sociais da entidade. O material alerta os trabalhadores e dirigentes da categoria sobre questões como o genocídio negro e outros efeitos do racismo no cotidiano.
De acordo com a secretária de Igualdade Racial da CNM/CUT, Christiane Aparecida dos Santos, a campanha foi criada para responder a uma falta de compreensão da gravidade desse problema na sociedade.
“A gente percebeu que as pessoas estão muito ligadas naquele racismo interpessoal, em que há xingamentos. E o racismo é muito maior que isso, temos o racismo estrutural que causa desigualdade, que assassina todos os dias jovens negros. Quando terminamos nossa formação, saímos convencidos de que a CNM tinha que lançar uma campanha de formato permanente. A proposta é conscientizar, dar argumentação aos nossos dirigentes do quanto o racismo no nosso país é cruel e perverso”, explica a secretária à repórter Girrana Rodrigues do Seu Jornal, da TVT.
Os trabalhadores pretos e pardos representam mais de 64% da população desocupada, de acordo com o estudo Desigualdades sociais por cor ou raça no Brasil, produzido pelo IBGE. O levantamento também mostra que a população negra ainda ganha menos do que a branca no mercado de trabalho. Enquanto a média salarial de um homem branco, em 2017, era de R$ 3.300, na base da pirâmide a mulher negra recebe por volta de R$ 1.800. Além de ser minoria nos cargos de chefia. Todo esse impacto do racismo estrutural, segundo Christiane, também está presente no setor da metalurgia.
Antirracismo nas negociações
“Quando a gente também olha para onde estão os negros no ramo metalúrgico, eles estão nos piores postos de trabalho, nos trabalhos que pagam menos. A questão das mulheres também, elas estão no lugar que paga menos. Como, por exemplo, o eletroeletrônico, ou (funções) que têm mais movimentos repetitivos e que requerem um esforço muito grande e adoecem”, descreve.
Para a secretária de combate ao racismo da CUT Bahia, Gilene Pinheiro, essa realidade desigual também precisa ser levada em conta pelo movimento sindical nas rodadas de negociações trabalhistas para o efetivo combate ao racismo no trabalho.
“A oportunidade tem que ser dada a todos. Não pode haver um processo de discriminação dentro do próprio processo de seleção. É uma demanda e um desafio muito grande do movimento sindical fazer com que as questões raciais sejam inclusas na negociação dos direitos dos trabalhadores. Ela deve perpassar toda a negociação sindical. Toda vez que sentarmos a mesa para negociar salário e benefícios temos que ter um olhar racial”, destaca Gilene.