Escrito por: Luiz Carvalho
Próximo desafio da confederação do setor de transporte é unificar luta entre categorias
Depois de quase três décadas de espera, a CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística) recebeu no último dia 17 o registro sindical que reconhece na prática a representatividade da organização em relação aos trabalhadores do setor.
Para isso, foi necessário cumprir regras como ter ao menos três federações filiadas e aguardar na fila por conta do modelo de transparência implementado durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para impedir o favorecimento e que furassem fila entidades próximas ao governo ou ministro.
Atualmente, a CNTTL representa 500 mil trabalhadores e possui 120 sindicatos filiados de segmentos de infraestrutura como rodoviário, metroviário, portuário, marítimo, ferroviário, fluvial e aéreo.
“São categorias fundamentais tanto para questão urbana quanto para a economia e que, por isso, sofrem pressão do governo e do patronato. Torna-se, portanto, fundamental para a organização da nossa base ter uma confederação forte”, aponta o vice-presidente da confederação e secretário-adjunto de Organização e Política Sindical da CUT, Eduardo Guterra.
Para ele, o próximo passo é cuidar desde questões burocráticas, como reestruturar a confederação com uma célula em Brasília capaz de pressionar o Executivo e estabelecer a unidade entre as categorias.
“Toda nossa base luta contra a privatização, contra PPP (parceria púbico-privada), por melhores condições de trabalho e segurança no setor e, apesar da especificidade de cada segmento, há essas questões que nos unem em todos os lugares no Brasil. Outro ponto fundamental é unificar a nossa data-base, que nos daria um poder de luta muito maior”, acrescenta.
Secretário de Organização e Política Sindical da CUT, Ari Aloraldo, acredita que a confederação ajuda a estabelecer um canal permanente de diálogo com as bases num importante setor que ainda necessita de investimentos do Estado.
“Não dá para pensar em investimento para a área de infraestrutura sem ouvir os trabalhadores, sem promover trabalho decente, sem saber, de quem está na construção do país, quais os melhores caminhos e desafios numa obra. Além de, claro, não podermos admitir o crescimento sem trabalho decente. Pautamos nossa participação na construção de políticas quando gestamos PACs 1 e 2 e queremos que isso seja mantido, porque a classe trabalhador tem propostas”, defendeu.
História
Os trabalhadores do setor de transporte ampliam a organização da CUT a partir de 1989, com a criação do DNTT-CUT (Departamento Nacional dos Trabalhadores em Transportes da CUT). A medida segue a orientação da Central sobre a necessidade de organização a partir dos diretórios de cada ramo.
Cinco anos depois, surgia a CNTT (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes) que, a partir da inclusão da logística na representatividade, em 2014, é ampliada para CNTTL e começa a defender também os caminhoneiros autônomos.