Escrito por: Redação CUT
Operação financeira suspeita de quase R$ 1,8 milhão realizada apenas entre outubro de 2019 e abril de 2020, portanto, quando Salles já era ministro do governo de Jair Bolsonaro
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, investigado pela Polícia Federal por suspeita de corrupção por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), tem movimentado enormes quantias em suas contas correntes, mesmo ocupando cargos públicos.
No despacho em que autorizou a aperação de busca e apreensão, o ministro Alexandre Moraes ressaltou que foi identificada uma “movimentação extremamente atípica” de R$ 14,2 milhões envolvendo o escritório de advocacia do qual o ministro é sócio (50%), no período de janeiro de 2012 a junho de 2020.
Salles foi secretário particular do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, de 2013 a 2014, e Secretário do Meio Ambiente de São Paulo de 2016 a 2017.
A mais nova descoberta, relatada pelos jornalistas Aguirre Talento e Mariana Muniz, do jornal O Globo, revela uma operação financeira suspeita de R$ 1,799 milhão realizada apenas entre outubro de 2019 e abril de 2020, portanto, quando Salles já era ministro do governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL).
Essa movimentação financeira considerada atípica pela PF, embasou as investigações contra Salles, que é considerado por especialistas como um aliado de madeireiros e grileiros – e inimigo da causa ambiental, diz a reportagem.
A transação de quase R$ 1,8 milhão, foi descoberta pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão de combate à lavagem de dinheiro. Segundo o Coaf, a operação foi realizada pelo escritório de advocacia de Salles. A defesa do ministro negra irregularidades, diz o jornal.
A principal suspeita apontada pelo Coaf, diz a reportagem, envolve uma operação no mercado financeiro que teria sido realizada pelo escritório de Salles, "destoando do perfil histórico de operações". "Chamou a atenção o volume expressivo movimentado", ressalta o relatório sigiloso do órgão, obtido pelo Globo.
A Operação que a PF denominbou como Akuanduba - divindade dos índios Araras, que habitam o Pará - investiga crimes contra a administração pública como corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e, especialmente, facilitação de contrabando praticados por agentes públicos e empresários do ramo madeireiro,
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Cerca de 3 mil cargas de madeira foram exportadas sem autorização do Ibama
Técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) disseram à Polícia Federal que aproximadamente três mil cargas de madeira da Amazônia no Pará foram exportadas ao exterior sem autorização do órgão.
Tais cargas seguiam o mesmo padrão dos três carregamentos de madeira retidos nos Estados Unidos e deram origem à Operação Akuanduba.
De acordo com a Folha de S. Paulo, dois técnicos do Ibama passaram as informações à PF. Ambos atuavam diretamente na área de fiscalização de exportações. Eles foram ouvidos como testemunhas.
Delegado que denunciou Salles perdeu o cargo
Em abril, o delegado da PF Alexandre Saraiva foi demitido do cargo de superintendente da corporação no Amazonas depois de enviar ao STF uma notícia-crime - um instrumento usado para alertar uma autoridade, polícia ou Ministério Público, da ocorrência de um ilícito - contra Salles e o senador Telmário Mota (Pros-RR).
O delegado acusou Salles e o senador de atuarem em favor de investigados da "Operação Handroanthus", que mirou extração ilegal de madeira na Amazônia no fim do ano passado.
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