Escrito por: Redação CUT

Coligação de Haddad entra com ação contra Bolsonaro por abuso de poder econômico

Ação impetrada no TSE pede investigação do constrangimento imposto aos funcionários das Lojas Havan para que votassem no candidato do PSL. Em caso de comprovação, presidenciável pode se tornar inelegível

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A coligação O Povo Feliz de Novo, que reúne PT, PC do B e Pros em torno da candidatura de Fernando Haddad, entrou com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a chapa de Jair Bolsonaro (PSL) e contra o empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan.

Na ação, impetrada nesta quinta-feira (18), a coligação cobra ao TSE rápida investigação de abuso de poder econômico e, caso comprovado, pede que o adversário e seu vice, general Mourão (PRTB), sejam considerados inelegíveis pelo período de oito anos, como determina a lei. 

O dono da Havan constrangeu os seus funcionários a votarem em Bolsonaro, sob ameaças de fechamento de lojas e dispensa de funcionários, segundo texto dos advogados da coligação. Em um vídeo publicado em rede social ele cita a "opção" pelo candidato do PSL como a única saída contra a esquerda.

"Se você não for votar, anular seu voto ou votar branco, depois do dia 7 de outubro, ganha a esquerda e vamos virar uma Venezuela", afirmava ele em um trecho do vídeo no qual apontava que 30% dos trabalhadores de suas lojas não haviam definido o voto em algum candidato. Hang dizia que os cerca de 15 mil funcionários de sua rede de lojas poderiam perder seus empregos, em caso de uma "vitória da esquerda".

O caso foi denunciado por sindicatos filiados a CUT de Santa Catarina e, atendendo pedido de liminar do Ministério Público do Trabalho, o juiz da  7ª Vara do Trabalho de Florianópolis, proibiu o dono da Havan de pressionar seus empregados em função da disputa eleitoral. Caso volte a coagir funcionários a votar no candidato de sua preferência nas eleições deste ano Hang terá de pagar uma multa de 1 milhão de reais.

Para a coligação de Haddad, o vídeo, junto a transmissões ao vivo feitas por Hang com Bolsonaro e postagens nas redes sociais, demonstram "potencial suficiente a comprometer o equilíbrio do pleito eleitoral de 2018". "Resta claro o abuso de poder econômico na medida que a campanha do candidato representado ganha reforço financeiro que não está contabilizado nos gastos da campanha, todavia os resultados do abuso perpetrado serão por ele usufruídos."

A ação foi elaborada antes da reportagem do jornal Folha de S. Paulo revelar o suposto envolvimento de Hang com um esquema criminoso de disparos em massa de mensagens pelo WhatsApp contra o PT e o seu candidato a presidente, Fernando Haddad.

*Com apoio da redação da RBA