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Colômbia tem mais uma noite de violentos ataques contra trabalhadores

Na guerra contra o povo, polícia está usando até um tanque equipado com Venom, o lançador de múltiplos projéteis de de gás lacrimogêneo e cartuchos de atordoamento ao mesmo tempo

Publicado: 07 Maio, 2021 - 10h40 | Última modificação: 07 Maio, 2021 - 15h08

Escrito por: Redação CUT

Gibran Mendes
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A brutalidade da polícia da Colômbia não dá trégua aos trabalhadores e trabalhadoras que estão em Greve Nacional desde o dia 28 de abril protestando contra aumento de impostos, contra a fome e por mais recursos para saúde e educação, destaca em manchete o jornal La Silla Vacia

Em mais uma noite de guerra contra os trabalhadores que lutam por direitos, nesta quinta-feira (6), em diferentes pontos de Bogotá, a capital do país, a polícia jogou gás lacrimogêneo, alguns caíram até dentro dos conjuntos residenciais, segundo o jornal, El Espectador.

É que à frente da brutal repressão contra os trabalhadores estão os policiais do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) que, com blindados, motos, bombas de gás e tiros atacaram uma vigília que estava sendo realizada em homenagens às vítimas da repressão policial contra os manifestantes. Mais cedo, lideres das centrais sindicais que estão à frente das manifestações, CTC, CUT e CGT, movimentos sociais e estudantes haviam se reunido com senadores para pedir o fim das agressões contra os manifestantes.

O uso do tanque equipado com Venom, o lançador de múltiplos projéteis, foi questionado por José Miguel Vivanco, diretor para a América da Human Rights Watch (HRW), por ser uma arma perigosa e indiscriminada e por sua capacidade de disparar até 30 granadas de gás lacrimogêneo e cartuchos de atordoamento ao mesmo tempo (cada um com quatro submunições), que chegam a 150 metros e causam uma saraivada de rugidos, explosões e gás lacrimogêneo.

Na noite desta quinta, Calli também viveu cenas de violência e a reação dos trabalhadores fechando avenidas e estradas levou o prefeito Jorge Iván Ospina a decretar estado de emergência por três meses. A medida pode ser prorrogada, disse ele.

Entre 24 e 37 mortos

Em todo o país, de acordo com a Defensoria Pública, 24 pessoas morreram nos protestos desde o inicio das manifestações. Só em Cali, segundo os jornais locais, epicentro das manifestações, foram registradas 17 mortes.

Mas, de acordo com a plataforma Grita, que monitora episódios de violência policial, a repressão aos protestos resultou no assassinato de 37 pessoas. Em todo o país, mais de 234 manifestantes foram agredidos pelos policiais. Foram registrados 98 casos de disparos com arma de fogo por parte dos agentes policias. As acusações contra as tropas da Esmad também incluem mais de uma dezena de casos de violência sexual.

No encontro com os parlamentares, o diretor de Direitos Humanos da Central Unitária de Trabalhadores (CUT) colombiana, Omar Moreno, responsabilizou o governo do presidente Iván Duque pela espiral de violência deflagrada nas ruas das principais cidades colombianas, como Cali e Medelín, além da própria capital. “Eles perseguem, reprimem, ferem e assassinam não apenas lideranças masculinas e femininas, mas também atiram indiscriminadamente contra a população em geral”, disse.

Trabalhadores derrubaram a reforma

Mesmo obrigando o presidente Iván Duque a recuar da reforma Tributária que previa o aumento de imposto de renda para trabalhadores que ganham acima de três salários mínimos e o aumento das tarifas públicas de serviços como água, gás e energia elétrica, as manifestações continuaram por melhores condições de vida.

A crise social na Colômbia foi agravada pela pandemia. Desde o ano passado, foram mais de 76 mil mortes em decorrência de complicações causadas pela Covid-19. Enquanto o país vive o recrudescimento do número de casos e mortes desde meados de abril, apenas cerca de 10% dos colombianos foram vacinados. O PIB colombiano caiu 6,8% em 2020. E o desemprego atinge 17% da população ativa.

Apoio internacional

Nesta sexta-feira (7), estão marcados atos em diversas cidades da América Latina e Europa em solidariedade às vítimas da repressão policial na Colômbia. Além disso, a IndustriALL Global Union, juntamente com outros sindicatos globais, enviou carta à Organização dos Estados Americanos (OEA), denunciando a violência ocorrida. “É um momento de muita apreensão, em que é preciso mostrar toda solidariedade ao povo colombiano”, afirmou o secretário-geral da IndustriALL, Valter Sanches, em entrevista ao Jornal Brasil Atual.

Por outro lado, o dirigente destacou o histórico de violência na sociedade colombiana. Nesse sentido, ele comparou a atuação da Esmad às milícias paramilitares que espalhavam o terror ao longo na décadas de 1980 e 1990, em disputa com as guerrilhas rurais no interior do país. “A Colômbia é um dos países que mais mata líderes sociais e sindicalistas. Uma média de 200 ativistas assassinados por ano. É realmente muito preocupante”.

Com apoiuo da RBA

 

 

A greve é liderada pelas maiores centrais sindicais do país: CTC, CUT e CGT.