Escrito por: Brasil Popular

Com 5 milhões de desempregados no país, setor cultural do DF lança valeu.art

A novidade é uma criação de produtores e gestores culturais de Brasília para atenuar os prejuízos e o desemprego que o governo Bolsonaro impôs ao setor. Só no DF são mais de 40 mil desempregados

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Poucas pessoas sabem que é possível contribuir com até 6% do valor devido de seu Imposto de Renda para iniciativas culturais. E mesmo estes desconhecem como fazê-lo. Para facilitar a utilização deste recurso, produtores e gestores culturais de Brasília lançam a Valeu.art, nesta terça-feira (4/5), a partir das 20 horas, com um grande evento virtual, ao vivo, que será transmitido pelo canal Abravídeo – youtube.com/user/abravideo, uma ferramenta legal e de fácil acesso para incentivar a cultura local e nacional.

O lançamento é virtual e não deixa de ser uma produção cultural de grande porte, que contará com apresentações (gravadas) de expoentes da cultura nacional e incentivadores da plataforma como a Banda Oludum, de Salvador, Quinteto Violado, do Recife, e de Brasília a Orquestra Marafreboi e o Grupo Choro Livre.

A Valeu.art é uma plataforma segura, de navegação intuitiva e com instruções simples, cujo objetivo é mostrar o passo-a-passo para que pessoas físicas ou jurídicas destinem parte de seu Imposto de Renda [devido] ao fazer cultural. Em nota à imprensa, o grupo informa que a iniciativa visa a manter vivo o setor criativo da cultura, “que emprega milhares e encanta milhões de brasileiros”. A ferramenta, segundo o grupo, é legal e de fácil acesso.

“Desde que a Lei Federal de Incentivo à Cultura foi publicada, em 1991, existe a prerrogativa do investimento dos 6% do Imposto de Renda Devido em Cultura, para as Pessoas Físicas que declaram no formulário completo. Só que este direito nunca foi amplamente divulgado, nem quando Gilberto Gil – nosso melhor Ministro de Cultura – passou pelo Ministério. Por causa disso, esses recursos, que podem atingir a cifra de R$ 7,5 bilhões, tornaram-se, figuradamente, um ‘Aquífero Guarani’, ou seja, um manancial subterrâneo subexplorado”, afirma Ruy Godinho, produtor cultural no Distrito Federal e um dos idealizadores da plataforma.

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Ele disse que a “Valeu!” é uma ferramenta que nasceu com a grave crise que a cultura atravessa, enfatizada pela pandemia do novo coronavírus. A Valeu! se propõe a aproximar de um clique o investidor pessoa física de um projeto de sua preferência.

“Há 6 anos ninguém pensava nesses recursos porque as grandes empresas públicas, como Petrobrás, Banco do Brasil, Caixa (que tinha até Conjunto Cultural), tinham como diretrizes investir em cultura. Com as mudanças processadas desde o governo Michel Temer e agora este, que elegeu a cultura como um dos alvos de seus ataques, esses recursos se tornaram mais do que necessários. Hoje, a Petrobrás, fatiada e vendida a preço de banana, não é mais a nossa maior patrocinadora cultural”, afirma Godinho.

Em nota, os produtores e gestores culturais explicam que a pandemia levou ao desemprego grande quantidade de profissionais da cultura. Estima-se que, hoje, há em torno de 5 milhões de pessoas em todo o Brasil, entre trabalhadores diretos e indiretos da indústria cultural, com suas atividades paralisadas por falta de investimento do Estado agravado pela pandemia. Só no DF são mais de 40 mil desempregados.

A cultura foi o primeiro setor a parar com a pandemia e poderá ser o último a retornar em sua plenitude quando a vida voltar ao normal. “Nosso grande desafio é realizar uma ampla campanha, buscando parcerias junto a diversas entidades classistas e o próprio SEBRAE, no sentido de sensibilizar a população economicamente ativa, que paga imposto, a investir os 6% do seu IR Devido, nos projetos que os próprios consomem, que lhes dão prazeres e emoções. Com a vantagem que esses 6% é a única parcela que o contribuinte sabe para onde está sendo aplicado e ainda pode acompanhar os resultados”, explica.

Godinho diz que a Valeu.art propõe algo inédito em Brasília, mas encontra similares em outras regiões do país e nos EUA, onde a participação da população gera recursos superiores aos aportados pelo Estado. “E os gestores da plataforma já fazem planos para se espraiar pelo Brasil, “o que podemos adiantar é que estamos conversando com muita gente de Salvador, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo, que estão abraçando nossa proposta”, revelam.

Quanto ao foco, que hoje está no fazer cultural, há planos de envolver projetos nos campos do esporte e meio ambiente. A Valeu.art é gerida pela Abravideo, ONG produtora multimídia com 30 anos de atuação no mercado nacional, concebida por Ruy Godinho e presidida por Elizabete Braga. Conta ainda com Jefferson Oliveira, responsável financeiro e articulador, Bruno Soares e Vitor Soares na tarefa de desenvolvimento da plataforma e uma consultoria especial em LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).