Escrito por: Francisco Barbosa Brasil de Fato | Fortaleza (CE)
Novo decreto vale de 3 a 17 de fevereiro; estado promete intensificar vacinação
O Comitê de Enfrentamento à Covid-19 do governo do Ceará anunciou, nesta terça-feira (2), novas medidas para conter o avanço da pandemia em Fortaleza. O novo decreto, que teve início nesta quarta (3), aponta a renovação do decreto de calamidade pública no Ceará por mais seis meses.
Além disso, de 3 a 17 de fevereiro, as atividades econômicas em Fortaleza terão novos horários de atendimento. De segunda a domingo, das 20h às 6h do dia seguinte, fica suspenso o funcionamento de quaisquer atividades do comércio ou serviços não essenciais, exceto por delivery. Farmácias, supermercados, postos de combustíveis, imprensa, segurança privada, funerárias, serviços de saúde e outros serviços essenciais podem funcionar normalmente após as 20h.
Já aos sábados e domingos, o atendimento presencial em restaurantes, barracas de praia e demais estabelecimentos para alimentação fora do lar poderão funcionar somente para almoço, até 15h. Podendo atender por delivery a partir desse horário.
O Comitê de Enfrentamento à Covid-19 é formado por profissionais de Saúde, Prefeitura de Fortaleza, presidentes do Tribunal de Justiça e Assembleia Legislativa, e Ministério Público Estadual e Federal.
Vacinação
De acordo com informações divulgadas pelo Governo do Estado do Ceará em seu “Vacinômetro”, foram distribuídas 223.605 doses da vacina contra a covid-19 em todo o estado.
Já a ultima atualização do “Vacinômetro”, publicada em 3 de fevereiro, informa que no Ceará já foram vacinadas 137.156 pessoas. Essa primeira fase da vacinação está voltada para os trabalhadores da saúde e idosos acima de 75 anos que, desde o dia 24 de janeiro, já podem realizar o agendamento para a vacinação contra a covid-19 pelo aplicativo Mais Saúde Fortaleza (disponível para iOS e Android) ou o pelo site Vacine Já, inserindo dados pessoais.
Brasil a passos lentos
A Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares publicou em suas redes sociais que, mesmo com quantidades mínimas de doses da vacina contra a covid-19, Brasil se arrasta na vacinação. No ritmo atual, de acordo com o texto, seriam necessários mais de quatro anos para vacinar toda a população brasileira, de 212 milhões de habitantes.
“Apesar de termos um dos maiores programas de vacinação do mundo e uma capacidade de vacinar 10 milhões de pessoas em um único dia, a média diária de doses aplicadas é de apenas 141 mil”, destaca.
Para Luciano Pamplona, biólogo, epidemiologista e professor da Faculdade de Medicina da UFC, apesar de o ritmo de vacinação no estado do Ceará parecer lento, ele pondera: “Deve ser um grande desafio vacinar tantas pessoas sem poder descentralizar as vacinas para todas as unidades de saúde”.
Ainda de acordo com ele, a quantidade de vacinas que chegaram ao estado ainda não dão conta do público prioritário, que são os profissionais da saúde e idosos acima de 75 anos.
“[As vacinas] irão atender a pouco mais de 30% das pessoas que estão como grupo 1 de prioridade. Por isso, a necessidade de priorizar os profissionais que estão em atendimento direto aos casos de covid-19. Vários outros profissionais de saúde estão ficando fora nesse momento. Aprendemos a lidar com a expressão ‘prioridade da prioridade’”, lamenta.
Para o médico Francielvis dos Santos, a chegada da vacina representa o início de um processo de redução de casos de covid-19. “Agora temos algo comprovado cientificamente que atua em nosso benefício”, destaca.
Sem imunização imediata
Ele informa que o distanciamento social já está em um processo de “relaxamento” pela própria população, e com a chegada da vacina há uma possibilidade que isso continue. O médico reforça que, mesmo depois de tomar a vacina, ainda temos que tomar alguns cuidados.
“Só ficamos vacinados depois das duas doses, mas temos que manter todos os cuidados antes já informados como uso de máscaras, evitar locais com muitas pessoas, higiene das mãos e em caso de sintomas, procurar um atendimento médico”.
Luciano diz que a chegada da vacina representa um marco importante que foi o começo da vacinação. “Mas estamos longe de termos vacina suficiente e uma cobertura vacinal capaz de gerar a sonhada imunidade de rebanho e proteger nossa população como um todo”.
Ele também afirma que é fundamental que as pessoas compreendam que no momento em que ainda temos, pouca gente vacinada, é fundamental o uso de mascaras, distanciamento e cuidados gerais. “Além disso, lembremos do fato de que nenhuma vacina confere 100% de proteção", reforça.
Ceará
No dia 18 de janeiro, o estado do Ceará recebeu o primeiro lote com 218 mil doses de vacina contra o coronavírus. No dia 23 de janeiro, o Ceará recebeu o segundo lote da vacina produzida pela Oxford/AstraZeneca, com 72.500. O terceiro lote chegou ao estado no dia 25 de janeiro, com 33.200 doses. As doses também são distribuídas nos município do estado. Cada município ficará encarregado, por meio de suas secretarias da Saúde, pelo cadastro e vacinação dos idosos, assim como vem ocorrendo com os profissionais da saúde que já vinham sendo vacinados.
CoronaVac
As vacinas disponíveis no estado do Ceará são a CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório Sinovac. A CoronaVac funciona com vírus inativados: eles são tratados quimicamente para não serem capazes de desencadear a doença. Mesmo assim, o vírus é reconhecido pelo organismo.
Quanto à Astrazeneca, o Governo do Estado do Ceará informa que as doses desse imunizante em aplicação no Brasil fazem parte do lote fabricado pelo Instituto Serum, da Índia, e têm uso emergencial autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).