Escrito por: Redação CUT

Com ameaça de 3ª onda e sem controle da pandemia, Brasil quer sediar Copa América

Mais uma vez, Bolsonaro ignorou as normas sanitárias, mesmo com o país chegando a 500 mil vidas perdidas pela doença. Infectologistas criticaram a decisão

Bruno Cecim/Ag.Pará

Com a pandemia de Covid-19 sem controle, quase 500 mil vidas perdidas para a doença, e sob ameaça de uma terceira onda entre junho e julho, o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) decidiu que o Brasil vai realizar a Copa América, ignorando recomendações dos especialistas da área da saúde. A Argentina, com cerca de 77 mil mortos pela doença, decidiu cancelar o evento.

Em ofício a governadores, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), afirma que a realização de campeonatos esportivos como a Copa América é "absolutamente inoportuna e desaconselhável" e pode levar a um agravamento ainda maior da epidemia de Covid-19 no país, mesmo que os estádios não recebam torcidas.

O documento é assinado pelo presidente do conselho, Carlos Lula, e direcionado ao Fórum de Governadores, segundo a Folha de S. Paulo.

Entre as razões apontadas pelo conselho de secretários para desaconselhar a realização da Copa América, "assim como todos aqueles que tenham potencial para aglomerar pessoas", estão o risco de disseminação de novas variantes do coronavírus e a dificuldade de implementar medidas de prevenção e proteção em tais situações.

Números da doença no Brasil

Nas últimas 24 horas, o Brasil registrou 2.346 mortes por Covid-19, totalizando nesta terça-feira (1º) 465.312 óbitos desde o início da pandemia.

Foram também contabilizados 77.898 novos casos da doença nesta terça-feira (1º). Com isso, o país chega a 16.635.572 pessoas infectadas pelo coronavírus desde o início da pandemia, no ano passado.

Brasil tem 64% de mais mortes na pandemia

O Brasil teve excesso de mortalidade entre 1º de janeiro e 17 de abril deste ano. Segundo os dados integram o Painel de Análise do Excesso de Mortalidade por Causas Naturais no Brasil em 2021, de 211.847 mortes ou 64% além do esperado.

É mais um indicador que comprova o impacto da pandemia de Covid-19 no número de óbitos no país. O número já é bem próximo ao registrado ao longo de todo o ano passado, quando houve 275.587 mortes a mais do que o esperado, mostrando o recrudescimento da doença. Para especialistas, o número elevado de mortes deve ter um impacto direto na expectativa de vida.

Os dados foram preparados pelo Conass em parceria com a organização global de saúde pública Vital Strategies e com a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil).

Os números mostram ainda que o excesso de mortalidade até 17 de abril já representa 77% do excesso de mortes registrado em todo o ano de 2020.

 "Esta comparação dá uma dimensão do impacto da Covid-19 já nos primeiros meses de 2021", afirma o assessor técnico do Conass, Fernando Avendanho.

Os dados do painel confirmam também a tendência de rejuvenescimento da pandemia e da maior vulnerabilidade dos homens já apontadas por outros indicadores. O excesso de mortes vem crescendo entre a população de até 59 anos e se mantido maior entre os homens.