Escrito por: Érica Aragão
Contra intransigência do sindicato patronal, que chegou a exigir a retirada de quase metade das cláusulas do Acordo Coletivo da categoria, os professores prometem uma mobilização ainda maior na próxima semana
Os professores e professoras das escolas particulares de São Paulo, com apoio da comunidade escolar, inclusive pais e mães de alunos, aprovaram em assembleia uma nova paralisação para a próxima terça-feira (29). A mobilização, dizem os professores, será maior do que a greve da categoria desta quarta-feira (23), quando 37 escolas da capital paulista, do ABC e de outras regiões do estado permaneceram fechadas o dia inteiro.
“Apoiar a greve dos professores não é só importante, é uma responsabilidade dos pais, da comunidade e de toda população”, disse Thiago Klein, pai de um aluno que estuda em uma das escolas particulares paradas pela greve dos professores.
O publicitário, revoltado com a intransigência do sindicato patronal, afirmou que vai continuar apoiando e “indo aos atos para fazer coro com o Sinpro [sindicato que representa os docentes da rede privada]”.
Simpro
O Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (Sieesp), que representa os donos das escolas, propõe a retirada de uma série de direitos conquistados ao longo dos últimos 20 anos no Acordo Coletivo de Trabalho da categoria. Eles chegaram a exigir a retirada de quase metade das cláusulas e recusaram a proposta de conciliação feita pelo vice-presidente do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) na audiência do dia 17 deste mês.
Os professores e professoras não aceitaram a retirada de direitos e defendem a manutenção de bolsa de estudos integral para até dois filhos, recesso de 30 dias, garantia semestral de salário e são contra o parcelamento de férias.
E não é só Thiago Klein, pai de um dos alunos, que se solidariza e apoia a mobilização dos professores e professoras. Milhares de cartas em defesa da educação e em apoio à greve estão sendo produzidas e divulgadas pelos pais e mães de alunos a todo momento.
“Entendemos que se trata de lutar coletivamente pela educação no país, a qual, sabemos, tem sido atacada em tempos de arbitrariedade e desrespeito à Constituição. Assim, achamos fundamental apoiar a paralisação, que vai além de uma escola específica”, diz trecho da carta dos pais do primeiro ano do Colégio Oswald de Andrade.
“Cortar direitos dos professores, que já têm um piso salarial tão reduzido, implica, consequentemente, em degradação das condições de trabalho e de ensino, sendo, ao fim e ao cabo, o aluno o principal prejudicado”, diz trecho de outra carta de pais e mães de alunos do Colégio Equipe.
Simpro ABCO diretor executivo da CUT, Júlio Turra, em nome da Central, expressou toda solidariedade à paralisação e mobilização dos professores da rede privada de ensino por seus direitos e afirmou que “essa luta é contra uma reforma Trabalhista que só foi possível por causa do Estado de Exceção pelo qual passa o Brasil.”
“É o mesmo Estado de Exceção que matou Marielle e prendeu o ex-presidente Lula”, criticou o dirigente, ao emendar: “Marielle vive e Lula Livre”.
Júlio, que também é professor e filiado ao Sindicato dos Professores do ABC (Sinpro-ABC), diz que somente a unidade da classe trabalhadora, com a união de professores e demais categorias, pode revogar a reforma Trabalhista e restabelecer a democracia no País.
Apoio dos professores da rede pública
A presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel, prestou solidariedade à paralisação dos professores em sua página no Facebook.
“Manifesto a solidariedade da Apeoesp à luta dos professores das escolas privadas pela manutenção de seus direitos, que os proprietários de grandes escolas particulares querem retirar”, diz trecho do post.
“Compreendemos que é necessária uma boa remuneração e condições de trabalho para que os professores possam ter tranquilidade para ministrar boas aulas. Também no serviço público precisa ser assim. Nós, professores da rede oficial de ensino, temos que ser valorizados e bem remunerados, com carreira digna, para que possamos ministrar as melhores aulas.”