Escrito por: Redação CUT | Texto: André Accarini

Com autorização do governo federal, garimpo ilegal avança na Amazônia

General Augusto Heleno autorizou 81 operações ilegais de mineração na Amazônia desde 2019. Sem nenhum controle, atividade representa danos à natureza, perigo às comunidades e saqueamento das riquezas naturais

Divulgação / Exército

Desde o início do governo de Jair Bolsonaro (PL), o ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, General Augusto Heleno, tem se comportado de acordo com as expectativas do presidente que dizem respeito a permitir a destruição de nossos ecossistemas, como vem sendo observado com o avanço do desmatamento da Amazônia.

E é na região que vêm sendo tocados projetos de exploração de riquezas naturais que não só representam riscos às comunidades indígenas próximas, mas também um verdadeiro saqueamento dessas riquezas. Desde 2019, o militar já autorizou 81 projetos considerados danosos ao meio ambiente.

Somente este ano, em uma região específica - São Gabriel da Cachoeira (AM) - o general autorizou sete projetos de pesquisa e exploração de ouro. A região, situada próximo à fronteira entre Brasil e Venezuela é praticamente intocada. Lá vivem 23 etnias indígenas.

De acordo com o secretário de Meio Ambiente, da CUT, Daniel Gaio, esse tipo de mineração é realizada sem nenhum controle, nenhuma tipificação dos materiais e é comercializada sem que órgãos de controle possam sequer fiscalizar.

Para Daniel a atuação do general Heleno está em consonância com as características do atual governo. “É um governo que constrói sua agenda política por meio de ações ilegais não só por corrupção e pela tomada de espaços públicos, mas também pela associação a organizações criminosas”, diz o dirigente.

Ele cita como exemplo o escândalo que evolveu o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, denunciado por facilitar a remessa ilegal de madeira da Amazônia ao exterior.

Heleno é um dos principais conselheiros de Bolsonaro e cabe a ele autorizar ou não a esses projetos de mineração.

Ilicitudes federais

O secretário de Meio Ambiente da CUT ainda lista outras agravantes que demonstram o caráter predatório do governo Bolsonaro à natureza e que vão além: colocam a segurança e a saúde de povos nativos em risco.

Ele explica que não há controle sobre a forma como são realizados os garimpos nem informação de como vão operar. E mesmo assim, essas operações são facilitadas pelo governo federal.

“A invasão com patrocínio do governo em áreas de preservação ambiental e reservas indígenas é caso para julgamento em cortes internacionais. É um crime grave porque contamina os rios e solo da região trazendo prejuízos às comunidades que sobrevivem da natureza, que dependem desses rios para sobrevivência. Adoece e mata pessoas”, diz Daniel Gaio.

Outro ponto levantado pelo dirigente da CUT envolve segurança e direitos humanos. As organizações que operam essas explorações de riquezas naturais, diz, em geral estão armadas e prontas para atacar quem se opuser a elas.

“Em um governo que tem essa característica de armar toda a população. Esses grileiros e garimpeiros fazem verdadeiras operações de guerra contra quem vier pelo caminho, sejam entidades que organizações que defendem o meio ambiente, sejam as populações nativas, ou sejam servidores públicos que tentam fiscalizar, autuar e coibir as atividades, cumprindo com as responsabilidades de suas funções. Eles são ameaçados e ficam reféns da situação já que o governo federal beneficia operações ilegais”, pontua Daniel.

Protestos

As autorizações das atividades ilegais foram noticiadas pelo Jornal Folha de SP, nesta segunda-feira e são consideradas inéditas na história do Conselho de Defesa Nacional, órgão liderado pelo general Heleno.

De acordo com reportagem do Diário do Centro do Mundo, somente na manhã desta segunda-feira, foram mais de quatro mil menções nas redes sociais, em especial no Twitter, criticando o militar.

Entre as postagens, o senso comum dos internautas é de que a destruição da floresta é projeto do governo. Elas citam Heleno como “general decrépito” e mencionam o governo Bolsonaro como “desgoverno da destruição”.

 

O desgoverno Bolsonaro transformou a destruição ambiental em política de Estado. General Heleno autorizou o garimpo em áreas intocadas da Amazônia, estimulando a devastação da floresta e colocando em risco os povos indígenas. É um crime contra o Brasil.

— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) December 6, 2021

O general decrépito, assassino de haitianos, AUTORIZOU o avanço de sete projetos de EXPLORAÇÃO DE OURO numa região intocada da Amazônia, gesto inédito do Conselho de Defesa Nacional nos últimos dez anos.

A destruição da floresta é PROJETO.https://t.co/WIK17akzx1

— O FISCAL do IBAMA (@fiscaldoibama) December 6, 2021

Garimpeiros se beneficiam de ações do governo Bolsonaro para explorarem a Amazônia! Uma semana depois de vir a tona 600 balsas de garimpo subindo rio adentro, o General Heleno autorizou o avanço do garimpo ao lado de duas Terras Indígenas! https://t.co/41BbHEepBZ

— ERIKA HILTON (@ErikakHilton) December 6, 2021