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Com Bolsonaro, conta de luz deve ter reajuste de mais de 20% na bandeira vermelha

Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) culpa a seca e se cala diante da má gestão do governo federal, principal responsável pelo tarifaço nas contas de luz

Publicado: 15 Junho, 2021 - 15h31 | Última modificação: 15 Junho, 2021 - 15h54

Escrito por: Redação CUT

Reprodução / MAB
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O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), André Pepitone, disse nesta terça-feira (15) que a bandeira vermelha, a mais cara cobrada sobre a conta de luz, deverá subir mais de 20%.

O motivo alegado é a seca prolongada. Acontece que este é um evento climático previsível e frequente no país e, portanto, permite monitoramento, planejamento e investimentos em infraestrutura, o que o governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) não fez. A única proposta do governo é privatizar a Eletrobras e prejudicar ainda mais a população brasileira.

“Existe a possibilidade real de racionamento, por falta de planejamento, monitoramento e investimento do governo federal desde o governo de Michel Temer e Bolsonaro segue na mesma linha”, já havia alertado o engenheiro elétrico da Eletrobras, Ikaro Chaves, ao Portal CUT.

Ikaro, que é diretor da Associação dos Engenheiros e Técnicos do Sistema Eletrobras (Aesel), lembrou que em 1990, também por má-gestão e foco na privatização, o Brasil enfrentou racionamento de energia e apagão durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). 

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Reportagens da Folha de S. Paulo não cita nada disso, diz que o tarifaço ocorre em meio ao mais baixo nível dos reservatórios de água dos últimos 91 anos e que ao acionar as usinas térmicas, que utilizam de gás e combustível para o seu funcionamento e encarecem a produção. Com isso,  o consumidor será obrigado a pagar a mais, já que o valor da conta de luz será cobrado pela bandeira tarifária vermelha.  

Neste mês de junho, já está vigente a bandeira vermelha nível 2, a mais cara, que cobra R$ 6,24 para cada 100 kWh (quilowatts-hora) consumidos.

Segundo a Folha, a Aneel discutia elevar essa cobrança para R$ 7,57 a cada 100 kWh. “Mas, com certeza, deve superar isso”, declarou Pepitone em audiência pública na comissão de Minas e Energia da Câmara Federal, para discutir a crise hídrica.

O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica afirmou ainda que a decisão deverá ser comunicada ainda neste mês de junho e ressaltou que o aumento se deve ao pagamento do uso das usinas térmicas. Nada sobre a falta de planejamento e investimentos.

Durante o debate, o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi, disse que estão sendo adotadas medidas para que não haja risco de racionamento de energia neste ano.

Ciocchi reconheceu que a situação é preocupante, mas apresentou ações que, segundo ele, eliminam o risco de apagão. Entre elas, a flexibilização de restrições hidráulicas nas bacias dos rios São Francisco e Paraná; aumento da geração térmica e da garantia do suprimento de combustível para essas usinas; aumento da importação de energia da Argentina e do Uruguai, antecipação obras de transmissão, além de campanha de uso consciente da água e da energia.

Sobre a “ flexibilização” das restrições hidráulicas, tanto o ex-diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Arteau e os engenheiros Felipe Araújo e Ikaro Chaves, do sistema Eletrobras, se posicionaram contrários à medida. Segundo eles, o que falta é investimento da Eletrobras. Dinheiro para isso não falta, mas desde que Temer  anunciou a privatização da Eletrobras em 2017, a estatal não só deixou de investir como também passou a pagar mais a seus acionistas em detrimento da população e da própria indústria nacional.

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