Escrito por: Redação CUT

Com desemprego e corte de salário, 66,5% das famílias brasileiras estão endividadas

Segundo pesquisa da CNC, o percentual de famílias que dizem não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e continuarão inadimplentes é de 10,6%, o maior para um mês de maio desde 2010 

Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Com o aumento do desemprego, a redução de salário e suspensão de contrato de trabalho, previstos na Medida Provisória (MP) nº 936, que Jair Bolsonaro editou com o pretexto de que ajuda a manter os empregos durante a pandemia do novo coronavírus, aumentou o percentual de endividamento das famílias brasileiras.

De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgada nesta quarta-feira (20), o percentual de família endividadas passou de 63,4%, em 2019, para 66,5% em maio deste ano.

As famílias brasileiras têm dívidas em cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro. Com as medidas de isolamento social, tomadas por governadores para conter a disseminação da Covid-19, doença provocada pelo vírus, o percentual recuou ligeiramente entre abril e maio, quando atingiu 66,6%.

Segundo a CNC, com o comércio fechado, caiu em 0,2 ponto percentual a  quantidade de brasileiros com dívidas ou contas em atraso na comparação mensal, ficando em 25,1%. No entanto, houve crescimento em relação a maio do ano passado, quando ficou em 24,1%.

O percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e que, portanto, permaneceriam inadimplentes aumentou, passando de 9,9% do total em abril para 10,6% em maio. Esta é a maior proporção de famílias que permanecerão na inadimplência para um mês de maio desde o início da realização da Peic, em janeiro de 2010, e a mais elevada desde abril de 2018.

O total de famílias que se declararam muito endividadas também aumentou em maio, chegando a 16% e atingindo o maior percentual desde setembro de 2011, quando o indicador alcançou 16,3%.

O presidente da CNC, José Roberto Tadros, avalia que, apesar das medidas para enfrentar a crise provocada pelo novo coronavírus, como a injeção de liquidez na economia e a queda das taxas de juros, a maior aversão ao risco no sistema financeiro tem impedido que o crédito de fato alcance os consumidores.

“Apesar da pequena queda no mês, o endividamento das famílias está em proporção elevada, sendo importante também viabilizar prazos mais longos para os pagamentos das dívidas, como forma de evitar o crescimento da inadimplência nos meses à frente”, disse Tadros, em nota.

Em relação aos tipos de dívida, o cartão de crédito continua sendo o mais apontado pelos brasileiros como a principal modalidade de endividamento: 76,7%. Carnês (18%) e financiamento de veículos (11,1%) também permanecem na segunda e terceira posições, respectivamente.

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