O que dizem os órgãos
A representação das organizações sociais disse que deliberou o reajuste pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de 10,42% em três vezes frente ao reajuste de 15% solicitado pelo Sindicato dos Médicos. A entidade patronal acrescenta ainda que outras reivindicações da categoria, como a extinção do banco de horas, não são factíveis para inclusão na convenção coletiva, tendo em vista as características de custeio do sistema filantrópico. Já a secretaria municipal de Saúde afirma, em comunicado, que atendeu boa parte das reivindicações enviadas anteriormente pelo sindicato. O órgão cita o o pagamento de 50% do banco de horas extras e das horas extras na folha mensal. Assim como para plantões extras dos servidores efetivos.
A pasta afirma também que recentemente contratou 280 novos profissionais e autorizou as organizações sociais de saúde a contratarem mais médicos e enfermeiros. No comunicado, a gestão municipal argumenta que os estoques de insumos estão regularizados e que autorizou as organizações a adquirirem itens emergenciais.
Por outro lado, o Simesp revela que tem recebido inúmeras denúncias dos profissionais da atenção primária que são obrigados a comparecer aos sábados, e sobre o não pagamento das horas extras nesses dias. A ausência de equipe adicional para atendimento dos pacientes também é uma queixa frequente dos profissionais, segundo o sindicato. Principalmente devido ao grande número de profissionais afastados. Um boletim, divulgado pela secretaria no dia 13 de janeiro, mostra que 3.193 profissionais já haviam sido afastados. Até 1.403 tiveram o diagnóstico confirmado para a covid-19 e 1.683 foram afastados com síndrome gripal. O total é o dobro do registrado no dia 6, quando a pasta contabilizava 1.585 profissionais afastados.
Informações contestadas
“Tem um monte de gente sendo afastada rapidamente e não há condições de reposições desses profissionais. E com isso a população que anseia ser atendida, e que não tem os profissionais ali, também fica revoltada e com razão. Então os profissionais querem que tenha o número de trabalhadores, condições, insumos e medicação adequadas para poder atender a população”, destaca Juliana. As UBSs são a porta de entrada ao Sistema Único de Saúde (SUS). A dirigente do Simesp lembra que as elas não são unidades de pronto-atendimento e que oferecem outros serviços que estão sendo comprometidos pela demanda gerada pela pandemia e pelo surto de gripe.
“Ela trata de uma série de doenças crônicas, faz prevenção e promoção à saúde, o que está sendo comprometido pela atual demanda de covid há mais de dois anos. Isso terá consequências graves em índices de qualidade de vida, como mortalidade materna e infantil, em doenças contagiosas, em doenças crônicas como pressão alta e diabetes. Isso tudo se não for tratado direito gerará um volume de sequelas”, observa. O Sindicato dos Médicos cobra uma reunião com a prefeitura e a Secretaria Municipal de Saúde para tratar sobre a reestruturação das equipes desfalcadas e um plano de reposição dos profissionais afastados. Caso os órgãos públicos não se manifestem até essa segunda, a decisão da greve deverá ser mantida.