Escrito por: Redação CUT
Jogador que marcou dois contra a Sérvia também é conhecido pela defesa de causas sociais e posicionamentos progressistas na política
A seleção brasileira venceu a Sérvia, por 2 a 0, na estreia da Copa do Mundo, no Catar, nesta quinta-feira (24), com dois gols marcados no segundo tempo, ambos do centroavante Richarlison, do Tottenham, Inglaterra, um deles aclamado por jornalistas do Brasil e do mundo e definido como 'pintura', 'mágico', 'espetacular', o gol maios bonito de todas as copas até agora.
O espanhol As manchetou: "Brasil já faz magia".; o argentino Olé tascou: "golazo" de Richarlison, justificando no texto: "O que fez o 9 do Brasil contra a Sérvia é universal, é mágico", conta o colunista Nélson de Sá, da Folha de S Paulo.
O primeiro gol, de rebote, após jogada de Neymar e chute de Vinicius Júnior. O segundo, após cruzamento de Vini Jr, Richarlison tentou dominar, a bola subiu e ele finalizou com belo voleio, sem chance para o goleiro Vanja Milinković-Savić.
Além de ser a estrela a estreia, Richarlison acabou com a seca de um camisa 9 da seleção que há nove anos não fazia um gol. O último que fez um gol com a camisa 9 marcou pelo Brasil em Copas foi Fred, que deixou a sua marca na vitória por 3 a 1 sobre Camarões, em Brasília, no dia 23 de junho de 2014.
A camisa 9 da seleção brasileira que já foi de nomes como Tostão (1970), Reinaldo, maior ídolo da história do Galo (1978); Serginho Chulapa (1982) e Ronaldo Fenômeno (1994, 1998, 2002 e 2006) volta a ser protagonista com o menino pobre e determinado do Espírito Santo, que contou nas redes sociais que ensaiou o voleio nos treinos.
O desempenho do craque no campo foi comemorado por comentaristas esportivos, políticos como a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, e o senador Randolfe Rodrigues (Rede), jornalistas como André Trigueiro, artistas como a cantora Ludmilla, uma das que aproveitaram o voleio para relacionar ao L de Lula (PT), o presidente eleito, além de internautas, que também destacaram sua atuação fora do campo, seu posicionamento político firme, as causas sociais e ambientais que apoia e financia, algo incomum entre jogadores de futebol, que curtem mesmo é exibir carrões e roupas de marca, sem qualquer preocupação com os mais pobres ou questões políticas relevantes.
Richarlison faz bonito no campo e nos posicionamentos. Diz q sempre q tiver uma causa justa usará sua condição de jogador da seleção para se engajar. Não deixa de denunciar injustiças e o racismo. Merece brilhar! Parabéns seleção, parabéns @richarlison97
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) November 24, 2022O @richarlison97 é GIGANTE dentro e fora de campo. Na época do apagão, demonstrou empatia e preocupação com o povo amapaense. Algo que várias outras figuras decidiram ignorar.
Obrigado, semprepic.twitter.com/W83J2zMEFN
@richarlison97 se destaca entre os jogadores da seleção pelo posicionamento em favor de causas sociais e políticas. Já se engajou em campanhas em favor da vacina, contra o racismo e a pobreza, e outras causas humanitárias. Um ídolo antenado! Merece todo o sucesso que faz! https://t.co/h1LwN8H4vD
— André Trigueiro (@andretrig) November 24, 2022FAZ O L, @richarlison97pic.twitter.com/uxz2wx7JpG
— LUDMILLA (@Ludmilla) November 24, 2022O atacante do Tottenham não deixa nada passar despercebido, ressalta reportagem do Ecoa, publicada no Uol. "Da morte de George Floyd e inúmeros outros casos de racismo também no futebol, ao apagão no Amapá [como essa abaixo destacada pela ESPN/Fox], passando pela pandemia de Covid-19, até as queimadas no Pantanal, Richarlison está sempre disposto a colocar o dedo na ferida. O que, para ele, não passa de algo normal. "Faz parte do que eu sou, da minha origem", comenta o capixaba de Nova Venécia (ES).
No auge da pandemia de Covid-19 o jogador se aliou à Universidade de São Paulo (USP) e ajudou a arrecadar recursos para desenvolvimento de pesquisas científicas. No ano passado, sua chuteira usada na vitória sobre o Peru, pela semifinal da Copa América, rendeu quase R$ 7 mil para o programa USP Vida.
“Quando a pandemia começou a gente tinha pouca informação e não sabia muito bem o que estava acontecendo. Eu fiquei muito inquieto preso dentro de casa sem saber direito o que fazer. Aí junto com meu estafe resolvi concentrar as ações em um só lugar e na divulgação de informação correta e útil para o povo, usando minhas redes sociais e as minhas aparições na imprensa também”, disse Richarlison, em entrevista ao portal UOL.
Richarlison, que marcou os gols do Brasil na estreia da Seleção na Copa do Mundo, é embaixador da USP Vida, programa voltado para o desenvolvimento de vacinas, respiradores e outros projetos de combate à pandemia. Em 2021, ele pediu "por favor" para que brasileiros se imunizassem pic.twitter.com/oCvqlkJuQp
— Renato Souza (@reporterenato) November 24, 2022Em visita ao Pantanal, o atacante chegou até a adotar uma onça. Acerola hoje vive aos cuidados do Onçafari, ONG que por meio do turismo ecológico protege onças e a vegetação da região.
Em uma postagem no TikTok, reproduzida pelo senador Humberto Costa (PT-PE), ele falou sobre uma casa em Barretos (SP), onde tem um hospital que trata pacientes com câncer e ele tem uma casa para ajudar as pessoas que não têm dinheiro e precisam de estadia durante o tratamento. "Ali eles têm comida de graça, tudo de graça", diz no vídeo o atleta.
"10% do meu salário vai para lá para ajudar as pessoas", diz Richarlison, que segue falando sobre outras ações para ajudar os mais pobres, como ele foi um dia.
Richarlison representa o Brasil que a gente queria de volta: com respeito, empatia e solidariedade. pic.twitter.com/dMW7meqjS9
— Humberto Costa (@senadorhumberto) November 25, 2022Crítico de Bolsonaro
Em entrevista ao diário esportivo argentino Olé, em setembro do ano passado, Richarlison criticou o governo do futuro ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Duvido muito que hoje um brasileiro possa aplaudir, com tudo o que acontece. À medida que os preços, a inflação, a fome e o desemprego disparam, muitos políticos e estão preocupados com suas próprias causas.”
Na ocasião, ele também lamentou o uso político da camisa da seleção, capturada primeiro pela direita golpista, a partir de 2015, e depois, pelo bolsonarismo. “Hoje em dia, o pessoal leva muito (a camisa) para o lado político. Isso faz a gente perder a identidade da camisa e da bandeira amarela”, comentou o atacante. “Acho importante que eu como jogador, torcedor e brasileiro, tente levar essa identificação para todo o mundo. É importante reconhecer que a gente é brasileiro, tem sangue brasileiro e levar isso para o mundo”, disse.