Escrito por: Redação CUT

Com recorde de internações e hospitais lotados, Covid-19 volta a assombrar Manaus

Aumento de internações está obrigando médicos de Manaus a solicitarem transferência de pacientes até para hospitais de outros estados. Já são 202.972 pessoas infectadas pelo novo coronavírus e 5.368 mortes

Prefeitura de Manaus

Com aumento recorde de pessoas infectadas pela Covid-19, a pandemia do novo coronavírus voltou a assombrar a capital do Amazonas, Manaus. Nesta segunda-feira (4), o estado registrou o maior número de internações desde o início da pandemia. Foram 183 pessoas hospitalizadas com a doença em um único dia.

O cenário é assustador, pois o número de internações ultrapassou a do pico da doença, em abril e maio de 2020, causando um colapso na saúde do estado. Hoje Manaus enfrenta superlotação, falta de leitos, macas nos corredores, aumento de internações e pessoas se aglomerando, sem distanciamento social, dentro das unidades de saúde da capital amazonense.

Paciente e profissionais de saúde relatam nas redes sociais cenas de desespero dentro de um dos principais hospitais públicos de Manaus, referência para a doença. A demanda também é grande até nas redes privadas.

Ambulâncias chegam a todo tempo no Hospital 28 de Agosto, um dos principais da capital. Do lado de fora da unidade, parentes de pacientes reclamam da falta de informação de seus familiares. Também há um movimento grande em busca de atendimento precoce na tenda de triagem. De acordo com a Fundação de Vigilância em Saúde, quase 25 mil pessoas com Covid-19 estão sendo monitoradas em todo o estado.

A taxa de ocupação dos leitos de terapia intensiva na rede pública chegou a 92% nesta segunda, com novo recorde de hospitalizações em 24 horas desde o inicio da pandemia em Manaus: 177.

 “A nossa análise de risco está apontando que nós estamos em um nível muito alto, de muito alto risco. Portanto, nós saímos da fase vermelha e estamos na fase roxa”, afirmou à TV Globo, Rosemary Pinto, Diretora Presidente da FVS-AM.

No Hospital e Pronto Socorro Platão Araújo (HPS), na zona leste, profissionais de saúde divulgaram um vídeo no domingo (3) denunciando as condições inadequadas de descanso e alimentação. Uma enfermeira contou que o cenário atual é ainda pior que o da primeira onda, em maio.

Ela conta, segundo o jornal Folha de São Paulo, que “tem momentos em que é desesperador”. “Estamos virando dia e noite pra tentar dar conta, mas é muita gente chegando de todos os lugares: de casa, dos SPAs, de outros hospitais públicos e agora também dos particulares, que não estão recebendo mais ninguém”.

Do lado de fora do HPS 28 de Agosto, referência para a Covid-19, motoristas do Samu afirmam que não conseguem atender a demanda por transferências. Não por falta de veículos, mas de leitos nas unidades de saúde.

Segundo a enfermeira, já está acontecendo em Manaus o que acontecia no pico da pandemia, em abril e maio, quando os profissionais de saúde ficavam rodando de hospital em hospital com o paciente na ambulância em busca de vaga.

O aumento de internações levou os hospitais particulares de Manaus ao esgotamento de leitos exclusivos para o novo coronavírus e aumentou ainda mais a pressão sobre a rede pública.

Nos últimos 14 dias, o número de internações por Covid-19 nos hospitais da rede privada em Manaus aumentou 163%, fazendo com que 100% dos leitos fossem ocupados. No mesmo período, a demanda cresceu 94% na rede pública, em parte impulsionada pelos pacientes da rede particular que não conseguiram atendimento.

Cidade fechada

Com recordes de internações pela doença, o governo do Amazonas anunciou nesta segunda-feira a implantação do alerta roxo em todo o estado. A fase roxa é a mais grave na escala do governo estadual e considera indicadores como ocupação de UTIs e número de mortes.

O estado voltou a decretar que podem funcionar apenas supermercados, drogarias e outros poucos serviços essenciais. Depois de decisão da Justiça, o governo do estado paralisou as atividades não essenciais.

Ruas do centro comercial da capital foram fechadas com gradis e tiveram o policiamento reforçado para evitar que o comércio não essencial abrisse e provocasse aglomerações. Porém, boa parte dos lojistas burlou a fiscalização.

O prefeito de Manaus anunciou a prorrogação do fechamento da praia da Ponta Negra até 31 de janeiro. Principal balneário público de Manaus e palco de aglomerações em plena pandemia, a praia está fechada desde setembro.

No total, já são 202.972 pessoas infectadas pelo novo coronavírus e  5.368 mortes em todo o estado do Amazonas.