Com Temer,subemprego substitui emprego com carteira assinada
Dos 2,3 milhões de trabalhos gerados em 2017, 1,7 milhão são informais, segundo IBGE
Publicado: 30 Novembro, 2017 - 17h24 | Última modificação: 30 Novembro, 2017 - 23h02
Escrito por: Tatiana Melim
Desde que Michel Temer (PMDB-SP) assumiu o governo, em maio de 2016, por meio de um golpe que destituiu do poder uma presidenta legitimamente eleita, o número de trabalhadores desocupados, subempregados ou em condições precárias aumentou. Os números da recente Pnad Contínua, pesquisa oficial de emprego do IBGE, divulgada nesta quinta-feira (30), comprovam o desastre que as medidas impopulares do ilegítimo Temer representam para a classe trabalhadora.
Dos 2,3 milhões de trabalhos gerados em 2017, cerca de 76% - 1,7 milhão - são informais. Do total de vagas criadas este ano, 721 mil são sem carteira assinada, 676 mil por conta própria e 159 mil domésticos. Outros 187 mil se declararam empregadores e 511 mil postos de trabalho foram gerados no serviço público.
Segundo a pesquisa trimestral do IBGE, o desemprego aumentou 5,8% entre agosto e outubro deste ano em comparação ao mesmo período de 2016. O Brasil tem hoje um total de 12,7 milhões de pessoas desempregadas.
Para Graça Costa, secretária de Relação de Trabalho da CUT, os números divulgados pelo IBGE apenas reforçam a perversidade das medidas deste governo ilegítimo que não tem política pública, só uma ponte para o passado.
“A CUT vem denunciando os impactos das medidas perversas de Temer desde o golpe. Com a aprovação da Reforma Trabalhista, que liberou a terceirização irrestrita, o trabalho intermitente, o PJ, ou seja, legalizou a fraude e as formas precárias de contratação, a tendência será, daqui para frente, nos depararmos com estudos que mostram um avanço cada vez maior do subemprego”, explica.
Os dados do IBGE confirmam a avaliação da secretária. Um deles é a redução de 2,2% - menos 738 mil – no número de trabalhadores e trabalhadoras com carteira assinada em comparação ao mesmo período de 2016. Em contrapartida, cresceu o número de trabalhadores e trabalhadoras por conta própria em 5,6% - aumento de 1,2 milhão de pessoas.
“A reforma institucionalizou o bico, como diz o presidente da CUT”, diz Adriana Marcolino, da subseção do Dieese da CUT, se referindo a uma frase que vem sendo muito repetida por Vagner Freitas.
Ela alerta para o fato dos “falsos conta própria, pois a grande maioria é, na verdade, trabalhador com contrato precário de trabalho, sem carteira assinada”.
Os chamados conta própria são em grande parte trabalhadores e trabalhadoras contratados como pessoa jurídica ou outras formas de contratação informais, explica Adriana, que complementa: “o fato de não crescer o rendimento individual médio do trabalhador confirma a constatação de que os atuais empregos gerados são precários ou subempregos”.
Para Vagner, a precariedade dos empregos gerados mostra que este governo ilegítimo não tem política de geração de emprego e renda. “O desemprego é programado para reduzir custos. Para os neoliberais, os pobres só geram despesas, os ricos é que aquecem a economia”.
“Ao contrário dos conservadores, a CUT tem certeza de que os pobres e a classe trabalhadora são os responsáveis pela geração de riqueza no Brasil”, afirma Vagner.
Segundo ele, na maioria dos países desenvolvidos, ter uma ampla e forte classe trabalhadora é condicionante para um crescimento sólido. Para a CUT, além de uma classe trabalhadora forte, "é essencial ter desenvolvimento econômico sustentável com justiça e inclusão social e distribuição de renda", afirma Vagner.
Tanto Vagner quanto Graça Costa insistem que é fundamental a participação dos trabalhadores e trabalhadoras na Greve Nacional do dia 5 de dezembro.
“É a oportunidade que a classe trabalhadora tem de defender os seus direitos e sinalizar ao governo e seus aliados no Congresso que não votarão em parlamentares que retiram direitos trabalhistas, destroem empregos decentes e acabam com a aposentadoria e carteira assinada”, concluem os dirigentes.