Com transmissão da Covid em alta, capitais brasileiras têm estoque de vacina zerado
Pelo 28º dia seguido, o Brasil registra média de mortes pela Covid-19 acima de mil
Publicado: 18 Fevereiro, 2021 - 11h30 | Última modificação: 18 Fevereiro, 2021 - 12h34
Escrito por: Redação CUT
Em meio a alta de transmissão da Covid-19 no Brasil, segundo os dados da Imperial College de Londres, que acompanha o avanço dos casos em diferentes países, cidades como Araraquara, que decretou lockdow, e Fortaleza, com toque de recolher, para evitar a contaminação, os estoques de vacinas em cinco capitais brasileiras já foram zerados.
Em resposta à cobrança por mais doses de vacina feita por governadores em reunião realizada nesta quarta-feira (17), o ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, não se constrangeu em dar uma informação falsa sobre o que o governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) está fazend0 para resolver o problema.
Pazuello disse que vai entregar 11,3 milhões de doses ainda em fevereiro. Deste total, 2 milhões de doses seriam da vacina de Oxford/AstraZeneca, que devem ser importadas da Índia pela Fiocruz; e 9,3 milhões de doses da vacina CoronaVac, desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac e produzida no Brasil pelo Instituto Butantan.
O problema é que o volume está acima do previsto pelos laboratórios fornecedores das vacinas. O Instituto Butantan, por exemplo, já informou que deve produzir 426 mil doses de CoronaVac por dia a partir da próxima terça (23) durante oito dias, ou seja, 3,4 milhões até 2 de março, quantidade abaixo do que está nas previsões do ministério.
Confira como está a imunização no país
Em Salvador, Teresina, Cuiabá e Campo Grande as primeiras doses das vacinas de diferentes fabricantes já acabaram. Em algumas capitais, as doses devem terminar até o próximo domingo.
O Rio de Janeiro suspendeu a aplicação da primeira dose da vacina contra a Covid-19 por falta de estoques. Isso aconteceu depois de um Carnaval com aglomerações em festas clandestinas.
Em Campo Grande, a vacinação com as primeiras encerrou no último sábado (13) e chegou até a faixa etária dos 80 anos ou mais. Cerca de 33 mil pessoas foram contempladas.
Em Cuiabá, a campanha de vacinação também está parada por falta de doses. Até então, foram 23.518 imunizados, entre profissionais de saúde e idosos de 85 anos ou mais. Já em Teresina, as 29.682 doses da primeira etapa acabaram nesta segunda-feira (15).
Salvador interrompeu a vacinação da primeira dose nesta terça (16). A expectativa é que novas doses só cheguem na próxima terça (23).
Na Grande São Paulo, Ferraz de Vasconcelos e Itapecerica da Serra suspenderam a imunização por falta de doses para os idosos e só devem retomar a vacinação após o recebimento de novas doses.
Média alta de mortes no Brasil
Pelo 28º dia seguido, o Brasil registra a média de mortes pela Covid-19 acima de mil. Mesmo diante do agravamento da pandemia, e do surgimento da nova cepa mais transmissível, identificada em Manaus, no Amazonas, aglomerações e desrespeitado às medidas de segurança ocorreram em todo o país durante o período de Carnaval.
O resultado disso, segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), será o aumento de internações o que vai colapsar o sistema de saúde nas próximas semanas. A entidade alerta que a população deve fazer o seu dever de casa, já que existe uma nova mutação do vírus em circulação em várias capitais.
"Se temos uma variante que apresenta potencial de maior transmissibilidade e a população não está fazendo seu dever de casa, a transmissibilidade vai ocorrer, o que significa que daqui há duas ou três semanas, podemos ter impacto na nossa rede hospitalar", disse Marilda Siqueira, pesquisado da Fiocruz.
Nos últimos sete dias, o Brasil registrou 1.033 óbitos em média causados pela doença no país, segundo os dados consórcio de imprensa, divulgados nesta quinta-feira (18). Com isso, o país se aproxima da sequência mais longa com média de mortes superior a mil. Foram 31 dias seguidos, entre 3 de julho e 2 de agosto, durante o auge da primeira onda da pandemia.
De terça para quarta, foram 1.195 novas mortes causadas pela doença. No total, são 242.178 vítimas desde o começo da pandemia. Em relação aos casos da doença, nas últimas 24 horas foram 56.766 novos casos da doença, atingindo um total de 9.978.747 infectados no país desde o começo da pandemia.
Amazonas supera a marca de 10 mil mortos
O Amazonas superou a marca de 10 mil mortos pela pandemia. Quase metade delas nas últimas sete semanas. Cerca de 231 pacientes com Covid estão à espera de um leito para internação no estado.
Por causa do colapso do sistema de saúde, o governo transferiu mais de 500 pacientes para outros estados. Mesmo assim, os hospitais continuam lotados. Mais de 90% dos leitos de UTI da rede pública estão ocupados.
Na terça-feira (16), o estado alcançou a marca de mais de 10 mil mortos desde o início da pandemia. O que chama a atenção dos especialistas é que quase 5 mil mortes aconteceram nos primeiros 47 dias deste ano.
O Amazonas passa pela segunda onda da pandemia e teve o pior momento em janeiro, quando faltou oxigênio nos hospitais. Foi também no estado que se identificou pela primeira vez a variante brasileira, que os médicos suspeitam ser mais contagiosa.