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Com UTIs superlotadas, Brasil tem fim de semana de aglomerações e desrespeito

Na pior fase da pandemia, população desrespeita medidas de proteção contra a Covid-19 ignorando que se adoecer não vai conseguir leitos nas redes públicas nem privadas

Publicado: 29 Março, 2021 - 14h30

Escrito por: Redação CUT

Silvio Avila/HCPA
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Apesar da explosão de mortes e novos diagnósticos de Covid-19 no Brasil, de hospitais sem vagas, da fila de espera por leitos em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e falta de medicamento para intubação entre outros, o fim de semana foi de aglomerações em praias e até em supermercados, festas clandestinas, bailes funks e muita gente que ignorou as medidas de restrição na pior fase da pandemia.

Para frear o avanço da doença, governadores e prefeitos de várias regiões do país adotaram restrições de circulação de pessoas, como o megaferiado criado para estimular o isolamento social adotados em cidades como São Paulo e Rio, mas teve muitas cenas de desrespeito.

É como se o Brasil não estivesse vivendo uma tragédia humanitária com mais de 3 mil mortes diárias, ultrapassando, no total, mais de 300 mil vidas pedidas desde o começo da pandemia.

O comportamento das pessoas é, também, como se os estados não estivessem na pior fase da pandemia, com UTIs acima de 90% e dezenas de mortes de pacientes aguardando por leitos.

Apenas em 24h, entre sábado (27) e domingo (28), foram registradas 1.605 mortes por Covid-19, e 43.402 novos casos da doença foram confirmados. O país chegou a 312.299 óbitos e a 12.532.634 casos da doença desde o início da pandemia.

São Paulo

Das 39 cidades da Grande São Paulo, 21 adotaram restrições, incluindo a capital, que antecipou vários feriados e parou por dez dias. Desde sexta-feira (26), a polícia interditou 454 aglomerações. Foram quatro festas clandestinas, feitas a portas fechadas em bares com mais de 300 pessoas, uma festa com 50 imigrantes bolivianos na zona leste de São Paulo e cenas de um baile funk lotado de jovens foram registradas em Paraisópolis. Foram vistoriados 298 estabelecimentos.

Além das festas, o povo foi para as ruas e também para o litoral. Muitos tomaram conta das ciclovias para se exercitar, gerando congestionamentos e tornando praticamente impossível a passagem das bicicletas. Várias pessoas estavam sem máscara pelos corredores lotados de ciclistas pela Avenida Sumaré e nos arredores do parque Ibirapuera.

Desabafo de médico em São Paulo revolta a internet

Na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Itaquera, zona leste de São Paulo, um desabafo do médico Nelson Muzel em seu Instagram na noite deste sábado (27) revoltou muita gente.

O medido denunciou no vídeo uma festa com som alto acontecendo ao lado da UPA com 73 pacientes internados com Covid-19, entre eles, vários em estado grave.

O desabafo do médico, em vídeo que cobrava providências urgente do governador João Doria (PSDB) e do prefeito Bruno Covas também do PSDB, repercutiu nas redes sociais neste domingo (28)

"Olha só, a gente não consegue falar com os pacientes no quarto porque o barulho é tão grande ali dentro que a gente não consegue se ouvir e nem ouvir o que o paciente está falando", afirmou.

Praias de São Paulo

Em São Sebastião, apesar das barreiras colocadas para evitar a entrada de turistas nas praias, várias pessoas desrespeitaram o bloqueio.

Em Ubatuba, mais de 250 pessoas queimaram pneus na madrugada deste sábado (27) para criar um bloqueio para evitar a passagem de veículos oriundos de outras regiões.

Em Santos, 225 pessoas foram abordadas e 36 multas foram aplicadas pela prefeitura. Um total de 174 motoristas foram parados na Barreira Sanitária na entrada de Santos. Das outras abordagens registradas, 66 foram para pessoas que estavam circulando sem as medidas de proteção calçadão da orla da praia.

Já no Guarujá, uma aglomeração com mais de 60 pessoas no final da tarde de sábado (27) foi encerrada após a fiscalização da prefeitura chegar ao local, na Praia do Éden.

Rio de Janeiro

Na pior fase da pandemia e com falta de leitos para pacientes com Covid-19, uma festa clandestina que reunia cerca de 300 pessoas foi interditada na madrugada deste domingo (28) no Rio de Janeiro.

A pool party, festa eletrônica com piscina — foi anunciada de forma ilegal nas redes sociais. O evento foi realizado em comemoração ao aniversário de dois DJs. De acordo com o UOL, os organizadores do evento poderão pagar uma multa no valor de até R$ 15 mil.

O Rio de Janeiro também teve feriadão antecipado para ajudar a população a fazer o isolamento social em casa e reduzir o número de casos da Covid-19, porém não teve adesão total na zona Sul.

Na praia de Ipanema, banhistas foram flagrados desrespeitando as regras, tomando banho de mar e permanecendo na faixa de areia. Banhistas estavam sem máscaras e circulando ao lado de outras pessoas, os cariocas também caminharam pelo calçadão das praias do Leblon e Copacabana.

Espirito Santo

No Espírito Santo, o que era considerado essencial fica fechado - como rodoviárias, transporte público, casas lotéricas, comércio atacadista e lojas de materiais de construção. Nas praias é proibido colocar cadeiras e guarda-sóis, mesmo assim os banhistas desrespeitaram as regras.