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Com valorização do salário mínimo, Sérgio Nobre abre ciclo de debates CUT 40 Anos

Não tem política mais eficaz, é um grande programa de transferência de renda, disse o presidente da CUT ao abrir série de debates que marcará celebração das quatro décadas da Central

Publicado: 31 Maio, 2023 - 19h58 | Última modificação: 10 Agosto, 2023 - 14h16

Escrito por: Andre Accarini | Editado por: Vanilda Oliveira

Roberto Parizotti
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Com o tema “A política de valorização do salário mínimo”, a CUT deu início, na tarde desta quarta-feira (31), ao Ciclo de Debates CUT 40 anos, que, a cada mês, abordará uma pauta diferente sobre as lutas da Central. O calendário de debates, realizados pelas secretarias Geral e de Formação da CUT, segue até outubro quando será realizado o 14° Congresso da CUT.

O presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, primeiro convidado, destacou que o ciclo é uma iniciativa importante neste ano em que a CUT completa quatro décadas de luta e conquistas que reafirmam a maturidade da Central como maior entidade representativa dos trabalhadores e das trabalhadoras brasileiros.

 “A política [de valorização do salário mínimo] foi uma conquista que resultou da luta da CUT, que rendeu mais de 70% de reajuste acima da inflação, não quebrou a Previdência Social, não fez a inflação explodir e todos reconhecem sua importância para o desenvolvimento e para a geração de empregos”, afirmou Sérgio Nobre

“Não tem política mais eficaz. Ela baliza quem está na informalidade, por exemplo. É um grande programa de transferência de renda”, disse o presidente nacional da CUTT.

Sérgio Nobre ainda lembrou que após o golpe de 2016, contra a presidenta Dilma Rousseff e, consequentemente, contra a classe trabalhadora, a política foi interrompida. No entanto, a volta da classe trabalhadora ao poder, com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, a trouxe de volta. “Lula colocou a política de valorização do salário mínimo (decreto de maio) como ponto central de sua campanha e foi uma conquista de seu governo”, disse o presidente nacional da CUT.

Sérgio Nobre falou também sobre outros temas como a atualização do modelo sindical brasileiro, pauta prioritária da CUT, que tem como foco fortalecer as negociações coletivas e o movimento sindical. Ele explicou que a Central vem elaborando um projeto de lei a ser apresentado no Congresso Nacional. “O resultado de fortalecer a negociação coletiva é a ampliação de direitos dos trabalhadores e trabalhadoras”.

O dirigente citou ainda a comunicação da CUT como estratégica para politizar a classe trabalhadora, levando a todos uma consciência de classe baseada na organização e esclarecendo que “direitos conquistados ao longo dos anos não caíram do céu e, sim, foram resultado de muita luta e sofrimento de representantes dos trabalhadores e trabalhadoras”, ou seja, dos sindicatos.

Ainda sobre a comunicação, exaltou o papel das brigadas digitais da CUT como instrumento para alcançar esses objetivos. “Apostamos muito nas brigadas para trabalhar a comunicação junto à massa. Toda vez que conquistamos direitos foi quando a população entendeu nossa mensagem. E temos potencial para isso”, disse.

Congressos

Sérgio Nobre destacou também a responsabilidade de todos que fizeram e fazem parte da história da CUT para manter a Central em seu patamar de importância e reconhecimento na sociedade. Em sua fala, o dirigente citou os congressos estaduais e o Congresso Nacional da CUT.

“Em junho acontecem os congressos estaduais. Em outubro, o nacional. As novas lideranças precisam ter consciência de que é uma responsabilidade gigantesca dar continuidade ao nosso projeto, continuar fazendo da Central uma entidade respeitada e cumprindo o papel que cumpre”, disse o presidente nacional da CUT

A afirmação teve como gancho a história da CUT, contada momentos antes do início do debate, por meio de um vídeo com artes e cartazes produzidos ao longo dos anos, alusivos às lutas, mobilizações e greves organizadas pela CUT, reivindicando pautas como redução de jornada de trabalho, direitos, política econômica e a própria política de valorização do salário mínimo, tema escolhido para o primeiro debate.

O debate

Especialista no tema salário mínimo, a técnica nacional do Dieese Adriana Marcolino fez um resgate da história da política de valorização apontando os principais e positivos impactos sociais e econômicos para o país durante o período em que esteve em vigor.

Ela apresentou um minucioso estudo realizado pelo Dieese que mostra, com fatos e números, a importância da política de valorização.

Nos governos Lula e Dilma (2003 a 2016), mostra o estudo, o reajuste nominal do salário foi de 340%. Passou de R$ 200,00 em 2002 para R$ 1045,00 em, 2020, último ano em que o salário teve reajuste, ainda que não acima da inflação, já que a política havia sido cessada em 2018 pelo governo de Jair Bolsonaro (PL).

O aumento real no salário, descontada a inflação (148,34% no período), foi de 77,18%.

Além do aspecto econômico, outros destaques foram apresentados.

- Redução de desigualdades salariais entre homens e mulheres, negros e não negros, e regionais;

- Impacto positivo sobre os reajustes dos pisos das categorias;

- Aumento da arrecadação tributária;

- Aumento da renda da população mais pobre;

- Ampliação do mercado consumidor e fortalecimento da economia

- entre outros.

Veja o estudo completo aqui

Outro ponto destacado por Adriana Marcolino é o salário mínimo ser referência para benefícios sociais como aposentadorias e pensões e o impacto positivo em pequenos municípios que têm sua economia incrementada já que a média de rendimentos nessas localidades é baseada no salário mínimo.

Outros impactos

Os impactos a cada R$ 1 de reajuste no reajuste no salário mínimo envolvem:

- Geração potencial de 18,3 mil empregos;

- Valor adicionado ao PIB em R$ 1,3 bilhão;

- Aumento de arrecadação em R$ 334 milhões;

- Incremento da massa salarial de até R$ 476 milhões na economia.

Veja o debate aqui:

 

O próximo debate será realizado pela Escola Sul de Formação Sindical da CUT no dia 28 de junho. O tema será – “A CUT em defesa da democracia, liberdade e autonomia sindical”.