Escrito por: Redação CUT
Atos serão pontuais, realizados por entidades sindicais, dos movimentos populares e partidos políticos contra a política monetária do BC, de manter a taxa de juros em patamar elevado, hoje em 13,75%
Na semana que antecede a reunião do Comitê de Política Monetária Nacional (Copom), que definirá qual a taxa de juros básica da economia brasileira, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, terá de ver – mais uma vez – a sociedade brasileira protestar contra sua conduta de boicote à economia do país, mantendo a Selic em 13,75%, taxa que é a mais alta do mundo.
É o Mutirão Contra os Juros - ação que começa nesta sexta-feira (28) como forma de pressionar o Copom, cuja reunião está marcada para os dias 1° e 2 de agosto, a baixar os juros. A taxa a ser anunciada valerá até a próxima reunião marcada para os dias 19 e 20 de setembro. O Copom se reúne a cada 45 dias.
Os atos, protestos e ações estão programados para acontecer em várias cidades, organizados pelos Comitês de Luta das mais diversas entidades como a CUT, sindicatos, movimentos populares, movimentos sociais, que integram as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, além de partidos políticos como o PT.
Cada comitê fará ao menos uma ação nos próximos dias para dialogar com a sociedade sobre como a atuação do Banco Central vem prejudicando a vida dos brasileiros, trabalhadores, em especial, conscientizando a sociedade de que é preciso dar uma basta na situação.
Serão realizadas ações como panfletagens em locais públicos, colagem de lambes, além de interações nas redes sociais e plenárias estaduais para debater os impactos da taxa de juros e mobilizar a sociedade.
Atos já estão programados em 11 estados: Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Paraná, Paraíba, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul. Categorias de trabalhadores como bancários e metalúrgicos também estão organizando ações.
Alguns dos atos já confirmados em São Paulo são: panfletagem no Metrô Marechal, nesta quinta, às 18h e evento ‘Samba do Trabalhador Contra os Juros Altos’ na Casa Luiz Gama, ambos na capital paulista, nesta sexta-feira. Em Piracicaba, panfletagem no Terminal Central de Integração, às 9h, Também nesta sexta. Em São Bernardo do Campo, no Terminal Ferrazópolis, às 8h do sábado, dia 29.
No Rio Grande do Sul, além de um ato em frente ao Banco Central, em Porto Alegre, no dia 1°, em Lages, será realizada a plenária estadual dos Comitês na Fundação Nereu Ramos, no dia 29, às 8h.
Na Paraíba será realizado um encontro regional dos Comitês, no Sintricom, às 8h30, sábado, dia 29;
Em Pernambuco, na capital Recife, haverá panfletagem na Praça do Derby, nesta sexta, a partir das 7h.
Outros atos serão informados posteriormente.
Por que protestar contra os juros altos?
Com a taxa Selic muito alta, como está agora, o país perde a capacidade de crescimento e o desemprego aumenta. Além disso, o governo precisa gastar mais para pagar os juros da dívida pública, usando um recurso que poderia ser direcionado para políticas públicas, como a melhoria do saneamento básico, da educação e saúde pública, a construção de moradia popular e ampliação do Bolsa Família.
Quem define a taxa básica de juros não é o presidente da República, deputados ou governadores. Quem decide é o Conselho de Política Monetária (Copom), ligado ao Banco Central do Brasil. É formado por um grupo de economistas e se reúne a cada 45 dias para definir a taxa Selic.
O Banco Central se tornou independente do governo federal por causa de uma decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com aval e aprovação do Congresso Nacional em 2021. Por isso, o atual governo Lula, não tem gerência sobre as decisões da instituição.
Só quem ganha com os juros altos são os super ricos, que lucram com o dinheiro aplicado nos fundos de investimentos, títulos de crédito bancário ou títulos da dívida pública. Enquanto isso os mais pobres se afundam nas dívidas geradas por crédito mais caro, em financiamentos, por exemplo, ou mesmo no cartão de crédito, quando entra no rotativo, modalidade em que os juros chegam a mais de 450% ao ano.
Com mais famílias endividadas, falta dinheiro para o consumo. Sem consumo, não há produção e as empresas demitem.
Por isso, setores produtivos também são contrários à manutenção da taxa básica de juros em patamar elevado. Para as empresas, os juros altos inviabilizam obter linhas de crédito, impactando em investimentos que gerariam mais produção, consumo, emprego e renda. Dados levantados pela Confederação Nacional das Indústria (CNI), comprovam tal situação.
Por outro lado, o consumidor, ou seja, o trabalhador brasileiro, também tem encontra dificuldades para financiar esse consumo. Trocando em miúdos, quem quer, por exemplo, comprar um automóvel, um eletrodoméstico ou qualquer outro bem, tem de pagar juros mais altos nas compras a prazo. Na prática, compra um e paga dois ao final do período. Acontece inclusive com o financiamento da casa própria.
Portanto, a política de juros do BC tem poder direto de gerar mais ou menos empregos e de viabilizar a economia brasileira.
Falácia da inflação
A manutenção da taxa em patamar elevado, é justificada pelo presidente do BC, como necessária para derrubar a inflação e que a economia precisa dar sinais de estabilidade para que os juros caiam.
Roberto Campos Neto, o presidente do Banco Central, ligado ao bolsonarismo, até agora tem se mantido intransigente e sem se render à nova realidade do país e para as ações positivas do governo Lula que têm baixado a inflação. O último IPCA-15 divulgado pelo IBGE apontou deflação de 00,7% em julho.
Para a CUT, centrais e para os movimentos populares, Campos Neto, na verdade, boicota o país, prejudica os brasileiros, sem nenhuma justificativa plausível, apenas com ‘desculpas rasas’, sem fundamento para manter a taxa Selic em 13,75%.