Escrito por: Solange do Espírito Santo, especial para a CUT
Sentença do TRF-4 e apreensão do passaporte foram questionadas em jornais do Exterior. Repercussão deve crescer com novas provas que serão anexadas ao processo em favor de Lula que tramita na ONU
A sentença contra Lula dada pelos três desembargadores da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região na última quarta-feira (24), que aumentaram a pena de prisão de 9 para 12 anos, e a apreensão do seu passaporte um dia depois, determinada pelo juiz substituto Ricardo Leite (10ª Vara do Distrito Federal), repercutiu de forma negativa na imprensa mundial e arranhou ainda mais a imagem do Brasil no cenário internacional.
Enquanto a mídia nacional faz um esforço enorme para “enaltecer” os desembargadores e dar um ar de legalidade à condenação sem crime e sem provas do ex-presidente Lula, o vexame internacional do Brasil dos golpistas é cada vez maior no Exterior.
“Brasil, uma democracia em decadência” foi o título de matéria do jornal francês Le Monde.
“Lula, condenado sem provas” anunciou o jornal argentino Pagina 12, só para citar dois exemplos.
A repercussão mundial deverá ser maior ainda porque na noite desta segunda-feira (29), em São Paulo, o advogado da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Organização das Nações Unidas (ONU), Geoffrey Robertson, divulga em seminário internacional novas provas sobre a condenação sem crime do ex-presidente que serão anexadas ao processo em defesa de Lula que move nesta Comissão da ONU.
Geoffrey Robertson é um dos mais respeitados juristas do mundo e representa o ex-presidente em processo que tramita na CDH desde 2016. Nesta noite, ele falará no Seminário Internacional “O caso Lula: balanço e perspectivas”, que acontece no Teatro da Pontifícia Universidade Católica, em São Paulo, e reunirá juristas e especialistas em relações internacionais, como o embaixador Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores.
Na mídia internacional
Além do Le Monde e do Pagina 12, entre os veículos estrangeiros que criticaram, em matérias e artigos de especialistas, a condenação do ex-presidente Lula, estão os jornais The New York Times (EUA), El País (Espanha) e O Público (Portugal).
No NYT, pesquisador afirma: o povo é que deveria julgar Lula
No jornal mais influente dos EUA, The New York Times, o pesquisador Hérnan Gómez Bruera, especializado em América Latina, afirmou, em artigo, que a perseguição judicial ao ex-presidente levou a “um julgamento de origem viciada e sem o tipo de evidência que exige um processo criminal”.
Ele disse mais: “A direita brasileira há muito compreendeu que Lula é eleitoralmente imbatível. Talvez seja por isso que uma via judicial foi desenhada para removê-lo do poder, transferindo para os tribunais uma decisão que em uma democracia deveria corresponder aos cidadãos. Talvez seja por isso que a Bolsa de Valores de São Paulo reagiu com alegria na ratificação da decisão”.
Já o espanhol El País foi categórico: “As causas desse combate à pessoa de Lula e à política de esquerda são, entre outras, as políticas de nacionalização e distribuição da renda, iniciadas por Lula e por sua sucessora, Dilma Rousseff, com o objetivo de reduzir as desigualdades sociais. Ambas foram claramente na contramão dos interesses políticos e econômicos da rica camada dominante do Brasil e da sua ligação com grupos empresariais internacionais”.
“A Justiça não poupou nos meios (para condenar Lula), levantando o segredo de justiça, revelando escutas em advogados de Lula, autorizando uma infame detenção numa madrugada na qual, ao atentar contra a dignidade de uma pessoa, os juízes ajudaram a destruir a dignidade da democracia brasileira”, afirmou O Público, jornal de Portugal.
(* com informações da Agência PT de Notícias)