Confiança dos brasileiros nas Forças Armadas sofre queda expressiva em 2023
Queda é ainda mais aguda entre os bolsonaristas, aponta a pesquisa da Quaest
Publicado: 21 Agosto, 2023 - 10h59 | Última modificação: 21 Agosto, 2023 - 11h20
Escrito por: CartaCapital
Uma nova rodada da pesquisa da consultoria Quaest, divulgada nesta segunda-feira 21, aponta uma queda vertiginosa no índice de confiança dos brasileiros nas Forças Armadas. Ao todo, em 2023, o volume de brasileiros que dizem confiar muito nos militares caiu de 43% para 33%. A pesquisa foi divulgada pelo jornal O Globo.
De acordo com o levantamento, parte daqueles que confiavam muito nos fardados passou ao grupo que diz confiar pouco nas Forças. A taxa, neste caso, saiu de 36% para 41%. No mesmo período, saltou de 18% para 23% o grupo de brasileiros que não confia nos militares.
A queda nos níveis de confiança monitorada pela consultoria foi classificada como ‘expressiva’ por Felipe Nunes, pesquisador que comanda a Quaest.
A redução, importante registrar, ocorre logo após as revelações do envolvimento de militares em grandes escândalos de corrupção no governo anterior, além da participação de parte dos fardados na frustrada tentativa de golpe de Estado no 8 de Janeiro.
As motivações por grupos de eleitores podem ser diferentes. É possível, por exemplo, que parte do eleitorado mais extremo esteja frustrada justamente com o fato da adesão ao golpe não ter sido unânime nos quartéis.
Queda maior entre os bolsonaristas
Os dados do levantamento revelam que a redução da confiança sobre os militares é ainda maior entre os bolsonaristas. O grupo que dizia confiar muito nas Forças Armadas entre os eleitores do ex-presidente saiu de 61% em dezembro de 2022, passando para 40% na pesquisa desta segunda-feira.
No mesmo segmento, 31% diziam confiar pouco nos militares na pesquisa anterior. O índice passou a 38%. Cresceu de 7% para 20% aqueles que dizem não confiar nos fardados.
O monitoramento com eleitores do presidente Lula (PT) está praticamente inalterado. Confiam muito nas Forças 43% (eram 45% em dezembro); 29% confiam pouco (eram 27%); e 26% não confiam (eram 25%).
Já entre os eleitores que anularam ou votaram em branco no segundo turno no ano passado, os índices passaram a ser de 31% de muita confiança, 41% para pouca confiança e 25% para nenhuma confiança. Em dezembro os níveis eram, respectivamente, 40%, 32% e 24%.
2/ A queda de confiança mais significativa se deu entre eleitores de Bolsonaro, o que sugere, na minha avaliação, algum tipo de frustração sobre alguma expectativa que havia entre esse segmento. pic.twitter.com/KfX90lT3qw
— Felipe Nunes (@profFelipeNunes) August 21, 2023
Igrejas no topo
Habitualmente no levantamento da Quaest, as Forças Armadas ocupavam o topo da escala de confiança nas instituições. Com a queda geral, militares passaram para o quarto lugar. Quem ocupa o topo da cadeia agora são as igrejas. O primeiro lugar fica com a Igreja Católica e o segundo é ocupado pelas instituições evangélicas. Polícia Militar está em terceiro.
Na base da lista, o último lugar é ocupado pelos partidos políticos, seguido de Congresso Nacional e Imprensa. Bancos e STF aparecem logo na sequência.
Na prática, alerta Nunes, a única mudança é, de fato, a posição dos militares na escala:
“Na bateria de confiança institucional as igrejas e a Polícia Militar aparecem no topo da lista. As Forças Armadas ficam em 4 lugar. As maiores desconfianças ficam com os partidos, o STF e o congresso nacional, ou seja, instituições democráticas”, comenta o pesquisador ao divulgar o levantamento.
“No comparativo, apenas as Forças Armadas viram sua confiança cair. As outras instituições mantiveram seus patamares praticamente estáveis”, completa.
4/ No comparativo, apenas as forças armadas viram sua confiança cair. As outras instituições mantiveram seus patamares praticamente estáveis. pic.twitter.com/nSTay7LKJz
— Felipe Nunes (@profFelipeNunes) August 21, 2023
A pesquisa Quaest ouviu presencialmente 2.029 pessoas entre os dias 10 e 14 de agosto. A margem de erro estimada é de 2.2 pontos percentuais.