O governo também desprezou a gravidade da pandemia e da situação de desemprego e paralisia econômica. Tanto que não previu nenhum auxílio nos Orçamentos do ano passado e deste. Por isso, para tentar evitar uma derrota já no primeiro turno, correu com a PEC do Desespero, para poder furar o teto de gastos.
Congresso promulga PEC do Desespero e hashtag ‘Jair Odeia Pobre’ bomba no Twitter
Segundo colocado nas pesquisas de intenções de voto, bem distante do primeiro colocado, o ex-presidente Lula, Bolsonaro e seus aliados do Congresso driblam lei eleitoral para ampliar valor ou criar auxilios
Publicado: 15 Julho, 2022 - 09h06 | Última modificação: 15 Julho, 2022 - 10h05
Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz
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O Congresso Nacional promulgou, nesta quinta-feira (14), a menos de três meses das eleições, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 123, oriunda da PEC 15, chamada PEC do Desespero, que dribla as regras eleitorais e autoriza o governo de Jair Bolsonaro (PL) a gastar por fora do teto de gastos mais R$ 41,25 bilhões até o fim do ano para ampliar uns benefícios para os mais pobres e criar outros para grupos que o apoiaram em 2018, como os caminhoneiros.
Segundo analistas políticos, o objetivo da oficialmente denominada PEC do Estado de Emergência, que, aliás, não existe, é atrair os votos da população mais vulnerável que, em sua maioria está declarando que vai votar no ex-presidente Lula. Bolsonaro está parado no segundo lugar em todas as pesquisas de intenções de voto, muitos pontos atrás de Lula. Ele está apostando todas as fichas para reverter o jogo nesse 'investimento' repentino nos mais pobres, criticado duramente pelos internautas que lembraram várias ocasiões em que o presidente tomou decisões ou votou contra benefícios para os mais pobres.
Com a promulgação da PEC do Desespero, Bolsonaro poderá aumentar de R$ 400 para R$ 600 o Auxílio Brasil, ampliar o valor do vale-gás e criar um benefício de R$ 1.000 para os caminhoneiros, que sofrem com a alta do diesel, e outro para taxistas, ainda sem valor definido.
As medidas só valem até dezembro, dois meses após as eleições, o que levou à subida do tom das críticas sobre o caráter eleitoreiro do pacote. Em poucas horas os internautas levantaram a hashtag “Jair odeia pobre" que teve mais de 20 mil menções no Twitter, citando situações em que o político votou contra medidas que melhorariam a vida dos pobres, como mostra reportagem da RBA.
Eles lembram, por exemplo, que Bolsonaro foi o único deputado a votar contra a criação do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza em 2000, durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Mais recentemente, em meio a pandemia, o governo defendia apenas R$ 200 para o auxílio emergencial. O benefício de R$ 600 só virou realidade graças ao esforço da oposição.
Também são inúmeras as declarações de Bolsonaro contra o Bolsa Família. Em 2010, chegou a chamar o programa de “bolsa farelo”. Em 2021, disse que os beneficiários do programa “não sabem fazer quase nada”.