Escrito por: Redação CUT
Segundo colocado nas pesquisas de intenções de voto, bem distante do primeiro colocado, o ex-presidente Lula, Bolsonaro e seus aliados do Congresso driblam lei eleitoral para ampliar valor ou criar auxilios
O Congresso Nacional promulgou, nesta quinta-feira (14), a menos de três meses das eleições, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 123, oriunda da PEC 15, chamada PEC do Desespero, que dribla as regras eleitorais e autoriza o governo de Jair Bolsonaro (PL) a gastar por fora do teto de gastos mais R$ 41,25 bilhões até o fim do ano para ampliar uns benefícios para os mais pobres e criar outros para grupos que o apoiaram em 2018, como os caminhoneiros.
Segundo analistas políticos, o objetivo da oficialmente denominada PEC do Estado de Emergência, que, aliás, não existe, é atrair os votos da população mais vulnerável que, em sua maioria está declarando que vai votar no ex-presidente Lula. Bolsonaro está parado no segundo lugar em todas as pesquisas de intenções de voto, muitos pontos atrás de Lula. Ele está apostando todas as fichas para reverter o jogo nesse 'investimento' repentino nos mais pobres, criticado duramente pelos internautas que lembraram várias ocasiões em que o presidente tomou decisões ou votou contra benefícios para os mais pobres.
Com a promulgação da PEC do Desespero, Bolsonaro poderá aumentar de R$ 400 para R$ 600 o Auxílio Brasil, ampliar o valor do vale-gás e criar um benefício de R$ 1.000 para os caminhoneiros, que sofrem com a alta do diesel, e outro para taxistas, ainda sem valor definido.
As medidas só valem até dezembro, dois meses após as eleições, o que levou à subida do tom das críticas sobre o caráter eleitoreiro do pacote. Em poucas horas os internautas levantaram a hashtag “Jair odeia pobre" que teve mais de 20 mil menções no Twitter, citando situações em que o político votou contra medidas que melhorariam a vida dos pobres, como mostra reportagem da RBA.
Eles lembram, por exemplo, que Bolsonaro foi o único deputado a votar contra a criação do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza em 2000, durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Mais recentemente, em meio a pandemia, o governo defendia apenas R$ 200 para o auxílio emergencial. O benefício de R$ 600 só virou realidade graças ao esforço da oposição.
O governo também desprezou a gravidade da pandemia e da situação de desemprego e paralisia econômica. Tanto que não previu nenhum auxílio nos Orçamentos do ano passado e deste. Por isso, para tentar evitar uma derrota já no primeiro turno, correu com a PEC do Desespero, para poder furar o teto de gastos.Também são inúmeras as declarações de Bolsonaro contra o Bolsa Família. Em 2010, chegou a chamar o programa de “bolsa farelo”. Em 2021, disse que os beneficiários do programa “não sabem fazer quase nada”.
Usuários das redes sociais também destacam que Bolsonaro não reajustou a tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), defasada em 24% durante o seu governo. Assim, quem ganha até R$ 1.941 pagará imposto no ano que vem, em mais um prejuízo para os mais pobres. Veja abaixo algumas postagens. Preços nas alturasA inflação dos alimentos em alta há mais de dez meses afeta principalmente os mais necessitados. Em São Paulo, assim como em outras 13 capitais, o auxílio de R$ 600 reais não compra nem sequer uma cesta básica, que está custando R$ 777,01, alta de 23,94%, de acordo com o Dieese.
Com a redução de impostos sobre combustíveis, que feriu a arrecadação de estados e municípios, o governo esperava que litro da gasolina caísse para R$ 5,84, mas, até o momento, o combustível é vendido, em média, por R$ 6,49, ou seja, 11% acima do estimado. O impacto no preço do diesel, que subiu 165,6% desde 2019, foi ainda menor.
Muito pouco, muito tarde
Não apenas os internautas reclamam que são insuficientes as medidas de Bolsonaro para estancar o sofrimento que se abate sobre os mais pobres. Em nota, a ONG Oxfam Brasil vai no mesmo sentido.
A organização afirma que os benefícios que valem apenas até dezembro, somado a mais um ano sem e a previsão do reajuste do salário mínimo abaixo da inflação, apontam “a falta de vontade política do governo e do Congresso de implementarem políticas que realmente façam a diferença na vida da população brasileira”.
Especificamente sobre a PEC do Desespero, a Oxfam Brasil destaca que a ajuda a milhões de brasileiros que vivem em situação de vulnerabilidade “chega com validade curta, o denota um evidente interesse eleitoreiro na sua adoção”.
Sem reajuste no salário mínimo, “os brasileiros terão que apertar ainda mais o cinto para (sobre)viverem”. Por fim, a organização ainda como “absolutamente escandaloso” o congelamento da tabela do IR, “principalmente levando-se em conta que os mais ricos do país são isentos de taxação sobre juros e dividendos seus investimentos”.
Confira postagens sobre ‘Jair odeia pobre’Por que o Auxílio Brasil passou para R$ 600,00? Logo agora antes das eleições? Não se iluda, JAIR ODEIA POBRE! Odeia o Brasil! promove constantemente a destruição de tudo que é Público, com que intenção? #pegueos600evotenolula #LulaNo1ºTurno #PECkamikaze #BolsonaroNaCadeia pic.twitter.com/0hqyzKL7tT
— Hugo Britto ⒶⓃⓉⒾⒻⒶ (@HugoNBFarias) July 14, 2022É preciso que fique claro que Bolsonaro quer apenas comprar votos!
Ele e seus apoiadores sempre foram contra o Auxílio Brasil!
Bolsonaro chegou a dizer que a culpa do desemprego era dos desempregados!
Vejam só que absurdo!
JAIR ODEIA POBRE
pic.twitter.com/LxmeL4PIE4
Sempre bom lembrar que O AUXÍLIO DO BOLSONARO VAI SÓ ATÉ DEZEMBRO.
JAIR ODEIA POBRE pic.twitter.com/PtF2Xmc6d5
COMO ASSIM JAIR ODEIA POBRE?? SE ESSA FOI A CLASSE QUE MAIS AUMENTOU EM SEU GOVERNO!!!
— Luiz PATRIOTABOLSONARO GOSTA TANTO DE POBRE QUE TRANSFORMOU A CLASSE MÉDIA TODA EM POBRE!!!
— CORONEL SIQUEIRABOLSONARO GOSTA TANTO DE POBRE QUE TRANSFORMOU A CLASSE MÉDIA TODA EM POBRE!!!
— CORONEL SIQUEIRA