MENU

Consórcio Nordeste cobra de Bolsonaro ações para zerar espera pelo Bolsa Família

Mais de 2,4 milhões de famílias teriam direito ao programa, mas amargam com fome na fila de espera. Desse total, 36% estão no Nordeste do Brasil

Publicado: 07 Outubro, 2021 - 09h09 | Última modificação: 07 Outubro, 2021 - 09h22

Escrito por: Cláudia Motta/RBA

reprodução
notice

Enquanto o Brasil descobre estarrecido que o ministro Paulo Guedes, responsável pela economia do país, lucra fortunas diárias com a alta do dólar, milhões de brasileiros amargam na fila da fome. Até osso, que antes servia para alimentar animais, agora é vendido para amansar a fome de quem está na miséria. Esse quadro trágico é agravado pelo descaso do governo de Jair Bolsonaro. Levantamento produzido pela Câmara Temática de Assistência Social do Consórcio Nordeste aponta que a fila de espera do programa Bolsa Família cresceu 12,5% no Brasil desde fevereiro até julho deste ano.

Já são mais de 2,4 milhões de famílias com direito ao benefício, mas que não conseguem receber. Desses, 36% ou 881.748 famílias estão na região Nordeste, a mais atingida pela conduta do governo. O crescimento da fila de espera pelo Bolsa Família no Nordeste foi de 25% entre fevereiro e julho de 2021, o maior do país.

Diante dessa trágica situação, o Consórcio Nordeste enviou a Bolsonaro e ao ministro da Cidadania, João Inácio Ribeiro Roma Neto, ofícios cobrando ações para zerar a fila de espera do Bolsa Família. “A quantidade de pessoas em situação de pobreza no Brasil tem aumentado drasticamente, agravada ainda mais em virtude da pandemia. Conforme o documento Covid-19 e Desenvolvimento Sustentável, produzido pelo Pnud, em parceria com Unicef, Unesco e Opas, esta é considerada a pior crise sistêmica já vivida no planeta desde a criação das Nações Unidas. E com uma pandemia que vem atingindo a população mundial de forma desproporcional, aprofundando desigualdades”, informa o ofício.

Proteção fundamental

Criado em outubro de 2003, primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Bolsa Família resultou da reorganização de programas sociais, ampliando de 3 milhões para 14 milhões o número de famílias beneficiadas.

Especificamente para o Brasil, o documento do Pnud destaca esses importantes progressos de desenvolvimento registrados nas últimas décadas. Mas reforça que a pandemia atingiu a população mais frágil, evidenciando as diferenças de acesso a recursos. Entre os principais citados estão a rede de proteção social, serviços públicos de saúde, acesso ao emprego e à renda e moradia. “Os autores afirmam que a experiência de crises sanitárias anteriores mostra que é fundamental priorizar investimentos na área social mesmo em períodos de recessão econômica.”

O ofício destaca o papel do Bolsa Família para o enfrentamento à pobreza extrema, bem como para a garantia de acesso à direitos das famílias em situação de vulnerabilidade. E aponta o problema. “Como observou-se nas concessões realizadas anteriormente pelo Ministério da Cidadania, as inserções das famílias no Programa não vinham se dando de forma proporcional à demanda do território nacional. Assim, é necessário que a gestão federal administre a concessão dos benefícios de forma isonômica, assegurando a entrada de acordo com a demanda nos estados”. “Diante dos dados apresentados verifica-se a urgente necessidade de implementação de ações para zerar a fila de espera do Programa Bolsa Família, devendo o Estado Brasileiro garantir a proteção social pública e o direito de todo cidadão às condições mínimas de existência humana digna.”

Atender a quem mais precisa

O presidente do Consórcio Nordeste e governador do Piauí, Wellington Dias (PT), encerra o ofício solicitando ao ministro da Cidadania uma audiência com o objetivo de “buscarmos solução diante de situação e tamanha gravidade”.

Dias explica que a cobrança já foi feita e está sendo reiterada para que os mais pobres possam ser atendidos pelo programa. “São cerca de 10 milhões de pessoas no Brasil que estão sofrendo com essa negação do Bolsa Família desde o mês de fevereiro. É uma questão social que se agrava ainda mais em período de pandemia. Por isso esperamos ser atendidos para atender também a quem mais precisa no Brasil.”