Escrito por: Leonardo Severo, de Marina Kue-Paraguai

Contac com o povo paraguaio por soberania, terra e liberdade

Luta solidária por Curuguaty, contra o grande capital e o desgoverno

LWS
Siderlei de Oliveira, presidente da Contac-CUT e do Observatório Social

Vindos de todas as regiões do Paraguai, delegados reafirmaram determinação de derrotar o governo CartesAo coro de “Cartes que renuncie, Cartes que se vá, com seu gabinete, por ser vende-Pátria”, 1.500 delegados vindos de todas as regiões do Paraguai, se reuniram nesta quarta-feira em Marina Kue, Curuguaty, para participar do Congresso Democrático do Povo. Sob o lema “soberania, terra e liberdade”, trabalhadores do campo e da cidade, estudantes, indígenas e intelectuais, destacaram o papel chave do Estado na implementação de uma política de reativação produtiva e da reforma agrária para o desenvolvimento do país, com geração de emprego, renda e direitos.

“Reafirmamos nossa luta comum contra os desgovernos de Temer e Horacio Cartes, pois tanto no Brasil como no Paraguai a agenda que está sendo adotada é de entrega das riquezas ao estrangeiro”, afirmou Siderlei de Oliveira, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Alimentação (Contac/CUT) e do Instituto Observatório Social. Na avaliação de Siderlei, a realização do evento a poucos quilômetros do local onde foram assassinadas 17 pessoas em Curuguaty no dia 15 de junho de 2012, tem um simbolismo especial. “Vale lembrar que o sangrento acontecimento, que contou com 324 policiais fortemente armados de um lado e menos de 60 camponeses, metade deles mulheres e crianças de outro, sem armas, levou ao impeachment do presidente Fernando Lugo uma semana depois. Houve intervenção de fora, de franco-atiradores que forçaram a confrontação. Apesar disso, só as lideranças dos sem-terra receberam penas de até 25 anos de prisão, enquanto nem um único policial sentou no banco dos réus”, frisou Siderlei.

Siderlei ao lado do movimento de solidariedade e de familiares dos presos de Curuguaty Condenado a 25 anos de cárcere, Rubens Villalba enviou desde a prisão de Tacumbú uma saudação aos participantes, reafirmando o papel da unidade, da mobilização e da informação para se contrapor aos grandes conglomerados de mídia, que mentem abertamente em função dos interesses antinacionais e antipopulares.

Referência religiosa e dos movimentos sociais paraguaios, Padre Oliva lembrou que foi precisamente num 12 de outubro de 1492 que os estrangeiros chegaram ao nosso Continente entregando esmolas aos indígenas em troca de suas riquezas. Uma vez que os conquistadores roubaram seu rico patrimônio, denunciou, hoje são os indígenas sobreviventes quem pedem esmolas pelas ruas. “Foi a ditadura de Stroessner quem doou oito milhões de hectares a seus amigos. Agora tem que haver um governo que imponha um imposto aos latifundiários e comece a retomar as terras para quem nelas trabalha. Temos de colocar um fim a este modelo de agronegócio exportador, que só favorece a especulação financeira e os vende-Pátria”, destacou Padre Oliva.

Entre outros temas, o evento debateu a migração massiva, forçada pela extrema concentração de terra e de renda, o desmantelamento da rede pública de ensino e a contaminação do meio ambiente pelos agrotóxicos.

Nesta quinta-feira, Siderlei se reúne com lideranças da Central Unitária dos Trabalhadores Autêntica (CUT-A) e dirigentes sindicais dos frigoríficos brasileiros Friboi, instalado em Assunção.