Escrito por: Redação CUT
Em atos contra a reforma da Previdência, a privatização e a destruição do país, por empregos e pelo clima, trabalhadores ocuparam as ruas nesta sexta
Milhares de pessoas foram às ruas em todo o mundo nesta sexta-feira (20) pelo clima. No Brasil, teve luta contra a reforma da Previdência, que deve ser votada em primeiro turno no Senado na próxima terça-feira (24), em defesa do emprego, dos direitos sociais e trabalhistas, do clima e contra a destruição do país.
A Greve Global pelo Clima foi realizada em mais de 150 países e os atos chamaram a atenção para a necessidade de redução da emissão de gases do efeito estufa, que provocam mudanças climáticas. A data antecede a Cúpula do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), que será realizada na segunda-feira (23), em Nova York.
Em São Paulo, o ato teve início à tarde no Vão Livre do Masp, na Avenida Paulista, com aula aberta e atividades lúdicas. Muitas crianças e adolescentes diziam “Fora Bolsonaro” e pediam por “Lula Livre”.
Entre os presentes também estavam representantes do Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST), indígenas que denunciaram os ataques que essa população vem sofrendo,não só na Amazônia, mas em todo o Brasil, e ‘catadores de lixo’, que falaram sobre a importância da reciclagem e da necessidade da população respeitar o trabalho que desenvolvem.
Durante a manifestação, o Secretário-Geral da CUT, Sérgio Nobre, lembrou que a pessoa que está destruindo a Previdência Social no Brasil é a mesma pessoa que está destruindo o meio ambiente, a Amazônia, as empresas públicas e a educação, numa referência a Jair Bolsonaro (PSL).
“É por isso que hoje, no país inteiro, os trabalhadores e as trabalhadoras estão fazendo manifestações para denunciar o que está acontecendo no Brasil. É um ato em defesa do país e da soberania. É um ato histórico porque todas as centrais sindicais estão unidas, junto com os movimentos sociais e a juventude brasileira, numa grande coalização em defesa dos nossos direitos”, disse o dirigente.
Nobre reforçou que a luta em defesa das estatais e contra a privatização é necessária porque nenhum país do mundo consegue um alto grau de desenvolvimento sem um setor público forte e pujante.
“O governo Bolsonaro quer desmontar as políticas públicas e os programas sociais e o que se vê são famílias e crianças jogadas na rua”, lamentou.
Já o presidente da CUT-São Paulo, Douglas Izzo destacou que a indignação com a situação que o país vive foi o fator primordial que levou às pessoas às ruas.
“A miséria, o desemprego recorde, as reformas que atacam os direitos dos trabalhadores e as questões climáticas, como as queimadas e o uso excessivo de agrotóxicos afetam a todos. É uma somatória de questões que trouxe aqui vários setores da sociedade. Cada um com a sua bandeira de luta, mas que unem ambientalistas e trabalhadores”, definiu o dirigente.
Para a secretária de comunicação da CUT São Paulo, Adriana Magalhães, o projeto político e econômico de Bolsonaro é o de entregar para poucos empresários brasileiros e estrangeiros, a aposentadoria dos trabalhadores, o pré-sal e as empresas estatais e, por isso é importante a classe trabalhadora ir pras ruas defender seus direitos, o meio ambiente e a soberania do Brasil.
“Nos governos do PT nós tínhamos uma política de preservação da soberania, um governo que tinha o respeito da ONU, que tinha um plano de proteção às comunidades quilombolas, aos índios. Tanto que demarcou mais reservas e criou parques e florestas protegidas. Mas, infelizmente, o que vemos hoje é só destruição e por isso estamos nas ruas para defender nossos direitos”, disse a dirigente.
E é essa participação dos trabalhadores em defesa do clima que é fundamental para o futuro do planeta, acredita a secretária de meio ambiente da CUT São Paulo, Solange Ribeiro.
“A gente precisa discutir seriamente com nossas categorias qual vai ser o futuro do planeta. Com essas crises ambientais que já estão chegando e virão com frequência cada vez maior precisamos defender o planeta e entender o papel que cabe aos trabalhadores, sem que haja perda de direitos”, analisou a dirigente.
Aos 20 anos, Pedro Henrique, da etnia Pankararé, lembrou a importância do meio ambiente para os povos indígenas que, mais do que nunca, lutam pela demarcação de suas terras.
"Estamos falando de vidas humanas, de floresta, de animais. Mantemos tudo isso porque está em nossa ancestralidade. A mãe terra nos cobra isso. O planeta já passou por inúmeras mudanças climáticas, mas isso é consequência da ação humana, de um capitalismo desenfreado, do descuido e do descaso de governos, como vimos no caso recente da Amazônia. É urgente que façamos algo para barrar essa avalanche de destruição", afirmou.
Convocação para o dia 24 de setembro, em Brasília
Na próxima terça-feira (24), o Senado deverá votar o primeiro turno da reforma da Previdência e, para evitar esse desastre para a vida do trabalhador, Sérgio Nobre convoca a militância e os dirigentes sindicais para que compareçam em Brasília, para pressionar os senadores e mostrar a eles que a reforma prejudica somente os trabalhadores e não combate privilégios como anunciou o governo Bolsonaro.
“Vamos recepcionar os senadores no aeroporto, nas galerias do Congresso e quem não puder ir, mande sua mensagem pela ferramenta online da CUT [ www.napressao.org.br] e diga que você está ‘de olho’ na atuação do seu senador e , que se ele votou, não volta. Participe dessa mobilização”, enfatizou o secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre.
Na capital Fortaleza, os trabalhadores e trabalhadoras foram às ruas pela manhã, para protestar contra as privatizações em defesa da soberania nacional, da educação e da aposentadoria.
O ato convocado pela CUT/CE, demais centrais, as frentes Brasil Popular, Povo Sem Medo e movimentos sociais, reuniu milhares de pessoas em frente ao prédio do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), no Bairro São João do Tauape.
A manifestação reuniu servidores públicos, professores, estudantes e aposentados, entre outras categorias. Do local da concentração, eles saíram em passeata pela Avenida Pontes Vieira até a Assembleia Legislativa do Ceará.
Durante a caminhada, os mais de 4 mil professores e trabalhadores em educação da rede municipal de Fortaleza, que participaram da mobilização usando bandanas nas cores do Brasil e camisetas com a frase “Fora Bolsonaro”, cantavam “ Se o povo se unir, Bolsonaro vai cair!”
Além da defesa das estatais, os manifestantes reforçaram a campanha contra Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 006/2019, da reforma da Previdência, que está tramitando no Senado.
A mobilização na capital, Recife, começou no início da tarde, na Praça do Derby, próximo do centro da cidade. Os manifestantes saíram em defesa da Previdência, da Amazônia e do Meio Ambiente e contra a ação de despejo do Centro de Formação Paulo Freire, no Assentamento Normandia, na cidade de Caruaru. O Centro está com a existência ameaçada por uma decisão judicial da 24ª Vara Federal da Cidade que desarquivou um processo de 11 anos e determinou a reintegração de posse da área que ocupa.
Piauí
A vice - presidenta da CUT-PI e também diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica Pública do Piauí (Sinte PI), Odeni de Jesus, deu a largada para o ato contra a reforma da Previdência, pelo clima e contra toda a destruição que o governo de Jair Bolsonaro (PSL) vem provocando no país. Os manifestantes se reuniram na Praça Rio Branco, em Teresina.
Com apoio das jornalistas Érica Aragão, Vanessa Ramos e Tarcísio Aquino