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Contra cortes de direitos, trabalhadores dos Correios entram em greve no dia 18

Categoria luta contra o corte de 70 cláusulas do acordo coletivo, consideradas pela direção da estatal como “benefícios acima de lei” e não direitos conquistados

Publicado: 03 Agosto, 2020 - 14h19

Escrito por: Andre Accarini

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Trabalhadores e trabalhadoras dos Correios estão realizando assembleias em todo o Brasil para deflagrar uma greve nacional a partir do dia 18 de agosto. A categoria cobra da direção dos Correios a negociação de uma proposta de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) que preserve os direitos já conquistados e que nenhuma cláusula do atual acordo seja retirada.

A orientação da Federação Nacional dos Trabalhadores em Correios e Telégrafos (Fentect-CUT) é de que as assembleias sejam realizadas até o dia 17 de agosto com indicativo de greve nacional a partir das 0h00 do dia 18 de agosto.

Além de reivindicar a manutenção de direitos, os trabalhadores cobram melhores condições sanitárias de trabalho e equipamentos de proteção e segurança contra os riscos de contaminação pelo novo coronavírus (Covid-19)

O presidente da estatal, General Floriano Peixoto, além de negar uma negociação, já cortou direitos que ele chama de “benefícios”. De acordo com suas declarações, os benefícios devem ser cortados por causa da queda na economia e o aumento do desemprego, por causa da pandemia.

De acordo com a Fentect, a realidade econômica dos Correios não é ruim. A empresa que paga os menores salários entre as estatais, é um negócio lucrativo. Somente nos últimos meses, houve um crescimento de pelo menos 30% no serviço de entregas originadas por compras online.  

Em nota, a Fentect afirma que “a empresa vem obtendo lucro com o crescimento do ‘e-commerce’ no Brasil utilizando o ‘empenho dos trabalhadores que expõem suas vidas para garantir as entregas e manter o funcionamento da economia nacional”.

Mas direção da estatal alega a necessidade de um ‘equilíbrio financeiro’, que representa um corte de R$ 600 milhões por ano.

De acordo com a Fentect, a empresa manipula os dados e coloca assim, a mídia e a população contra a categoria, afirmando que os trabalhadores têm benefícios demais, e que precisam ser cortados por não serem condizentes com a realidade brasileira.

“Eles mentem dizendo que temos benefícios acima da lei, mas temos os menores salários entre as estatais”, afirma o secretário de Comunicação da Fentect-CUT, Emerson Marcelo Gomes Marinho.

A Fentect questiona também as ações de ‘reequilíbrio financeiro’, promovidas pela gestão de Floriano Peixoto, como o corte de direitos, já que há denúncias de gastos excessivos e ações que burlam a ética e a transparência de gastos públicos.

Enquanto a grande maioria dos trabalhadores dos Correios ganha salários de cerca de R$ 1.700,00, os rendimentos do General Floriano Peixoto chegam a mais de R$ 90 mil mensais (mais de um milhão de reais por ano), somando salário, gratificação pela indicação ao cargo e aposentadoria como militar da reserva.

 

Corte de direitos

Emerson Marinho, da Fentect, afirma que desde o dia 1° de agosto já foram suprimidas 70 das 79 cláusulas do atual acordo, retirando direitos como 30% do adicional de risco do salário, fim do ticket nas férias, fim do anuênio.

“Até mesmo direitos que não têm impacto financeiro para a empresa como o fim da licença maternidade de 180 dias e fim do auxílio creche e a concessão de tempo pra amamentação”, diz Marinho.

 

Segurança no trabalho

A falta de condições sanitárias nas agências em todo o Brasil é apontada como fator de grave risco à segurança e a saúde dos trabalhadores e de suas famílias. A Fentect denuncia que os Correios, desde o início da crise sanitária, não cumprem as recomendações de medidas mínimas de segurança à saúde do trabalhador.

Em muitas agências, de acordo com levantamento da entidade, ainda não há equipamentos adequados, sabonete líquido para uso dos funcionários, desinfecção dos ambientes e álcool em gel.

A Federação e seus sindicatos filiados inclusive já tiveram que procurar os meios judiciais para garantir um mínimo de condições para não expor funcionários e clientes aos riscos de contaminação pelo coronavírus.

Em nota, a Fentect considera má fé e negligência da empresa para com os trabalhadores, que resultam em um crescente número de casos de infectados e óbitos dentro da categoria.

 

Construção da greve

Inicialmente a paralisação aconteceria a partir de zero hora desta quarta-feira (5), mas para mobilizar todos os 36 sindicatos da categoria, a data foi adiada. A Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos (Fentect-CUT) está unificando a luta de todas as entidades, até mesmo as que são filiadas a outras centrais sindicais.

Reuniões com outras bases de trabalhadores foram realizadas ao longo da semana passada e a orientação foi de os sindicatos realizarem assembleias, em suas bases, até o dia 17, data em que será realizada uma assembleia nacional com indicativo para a greve no dia 18.