Escrito por: Redação CUT/Texto: André Accarini
Sem reajuste há 20 anos, categoria quer negociar campanha salarial e reestruturação de carreiras, mas Ricardo Nunes barra participação dos representantes sindicais nas reuniões
Sem reajuste há 20 anos e sem conseguir sequer dialogar com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), sobre reivindicações como reajuste salarial e reestruturação de carreira, os servidores públicos de São Paulo realizam um ato unificado, nesta quinta-feira (9), às 14 horas, em frente à Prefeitura da capital.
Os representantes dos servidores denunciam que foram impedidos de participar de uma reunião do prefeito com a base aliada de vereadores da cidade que tratou de uma das reivindicações da categoria: a reestruturação de carreira dos servidores públicos municipais.
O Ato Unificado do Funcionalismo pretende deixar claro para as autoridades municipais que os servidores e servidoras não aceitarão qualquer proposta que represente retrocessos tanto aos servidores quanto ao serviço público prestado aos paulistanos.
Campanha salarial 2022
Os municipais de São Paulo reivindicam reajuste de 45,14% para reposição de perdas com a inflação e o fim do confisco dos salários dos aposentados que, com a reforma da Previdência no município, o Sampaprev 2, passaram a ser descontados em 14% nos rendimentos.
A categoria ainda cobra o fim das terceirizações e a realização de concurso público.
Veja aqui a íntegra da pauta de reivindicações.
Trabalhadores querem participar
Com os salários congelados, os trabalhadores exigem, no mínimo, a participação dos seus representantes sindicais nas negociações.
A postura de Nunes tem sido de intransigência. Na reunião, realizada no dia 2 de junho entre ele e os secretários da Casa Civil (Fabrício Cobra), Gestão (Marcela Arruda) e vereadores aliados, os trabalhadores foram impedidos pela Guarda Civil Metropolitana (GCM), por ordem do prefeito, de entrar na sede da prefeitura. A reunião foi feita a portas fechadas.
O Fórum do Funcionalismo de São Paulo, que reúne entidades como o Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município (Sindsep-SP), repudiou a atitude. Em nota, reafirmou a pauta de reivindicações e exigiu a reposição das perdas salariais. Veja trecho abaixo:
“Repudiamos qualquer proposta produzida sem diálogo com o conjunto de entidades representativas do funcionalismo municipal, que introduza qualquer modificação no sistema de remuneração, bem como de qualquer forma de reestruturação que não suponha a reposição integral das perdas inflacionarias, e de modo linear, para todas as categorias [...] Em nenhum momento o governo apresentou qualquer proposta a ser discutida, muito menos a ser aceita”, diz trecho da nota.
Reajuste Zero
Desde 2001, os servidores públicos de São Paulo recebem apenas 0,01% de reajuste salarial anual. A reposição reivindicada na Campanha Salarial (45,14%) é um cálculo com base nas perdas com a inflação dos últimos sete anos. O salários tanto do prefeito, como do vice e dos secretários , desde o início do ano já são pagos com um reajuste de 46%, autorizado pelo então prefeito Bruno Covas (PSDB). A remuneração do prefeito Ricardo Nunes passa de R$ 24 mil para R$ 35 mil, aumento de 46,6%.
"Os servidores tem seus salários achatados e com mais perdas ainda porque o custo de vida está aumentando. Se o prefeito e secretários tiveram 46% de reajuste,por que nós não podemos ter ? Exigimos uma proposta que recomponha nossas perdas salariais", afirma o secretário de Política Intersindical do Sindsep-SP e diretor-executivo da CUT, João Batista Gomes.
De acordo com dados levantados pelo Sindsep-SP, A atual gestão começou, em 2021, com R$ 22 bilhões em caixa e hoje já tem R$ 32 bilhões, dinheiro quem, segundo o posicionamento do sindicato, “poderia melhorar muita coisa na cidade, incluindo reduzir as perdas que o funcionalismo enfrenta há muitos anos, pela falta de aumento real”.
Ainda de acordo com o sindicato, a gestão de Nunes gasta apenas 30% da receita na folha de pagamento. O limite estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal é de 54% das receitas para gastos com a folha, o que comprova que a prefeitura tem margem para valorizar os trabalhadores.