Contra reajuste zero pelo 3º ano consecutivo, pesquisadores do IPT-SP iniciam greve
Trabalhadores e trabalhadoras do Instituto de Pesquisas Tecnológicas não aceitam mais descaso de governador João Doria e farão assembleias permanentes para decidir o rumo da greve
Publicado: 26 Julho, 2021 - 11h54 | Última modificação: 26 Julho, 2021 - 12h01
Escrito por: Érica Aragão e Marize Muniz
A perda salarial de 11%, aliada a disparada dos preços de itens como alimentação, energia, gás de cozinha, gasolina e diesel, sem nenhum reajuste salarial há 3 anos levaram os trabalhadores e as trabalhadoras do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São Paulo, a iniciar uma greve nesta segunda-feira (26).
O governador do estado, João Doria (PSDB), e a direção do Instituto não levaram qualquer proposta para a mesa de conciliação realizada no último dia 21 de julho no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), com o Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa, Ciência e Tecnologia (SINTPq). Eles mantiveram a proposta de reajuste de 0%, sem sequer a reposição da inflação do período. Além disso, se recusaram a conceder o comum acordo para instauração de dissídio coletivo. Em assembleia, no dia 28 de junho, foi aprovado indicativo de greve para esta segunda.
“A greve dos trabalhadores do IPT já começou. Os profissionais já estão em frente ao instituto para reivindicar seus direitos. O governo estadual diz valorizar a ciência, mas está oferecendo 0% de reajuste nos salários e benefícios dos pesquisadores do IPT e os funcionários não permaneceram inertes diante desta situação. A luta está apenas começando! Sindicato e profissionais do IPT não aceitarão esse desrespeito e desvalorização”, diz nota do sindicato.
“Doria diz que é a favor da ciência, mas reduz poder de compra dos trabalhadores”, afirma José Paulo Porsani, presidente do SINTPq. Ele explica que o governador de SP não ofereceu sequer a resposição da inflação, comprometendendo seriamente o poder de compra dos trabalhadores.
“A indexação salarial acabou no governo Fernando Henrique Cardoso [PSDB] e a partir de então não é mais obrigatório repor a inflação”, explica o dirigente, que completa: “O que tem na lei é que é proibido reduzir salários, mas é isso que o governo de São Paulo está fazendo ao não oferecer nenhum reajuste na campanha salarial pelo terceiro ano seguido”.
A diretora do SINTPq e trabalhadora no IPT, Priscila Leal, que está na frente ao Instituto com seus colegas de trabalho, disse que não dá mais para aguentar este desrespeito com aqueles que desenvolvem ciência e tecnologia para o país, que são os pesquisadores do instituto vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, que há mais de cem anos colabora para o processo de desenvolvimento do país.
“Os trabalhadores vão fazer greve porque não dá mais para aguentar o desrespeito com o trabalhador e a ciência e oferecer zero por cento pelo terceiro ano seguido. O maior patrimônio da pesquisa e ciência é o pesquisador. A gente não aceita zero por cento de reajuste, isso não dá mais”, afirmou.
Segundo o sindicato, todas as manhãs, às 8 horas acontecerão assembleias para definir os próximos dias da greve em frente ao Instituto. O sindicato afirma que as assembleias também vão acontecer de forma online.
Veja o vídeo da diretora do SINTPq e trabalhadora no IPT, Priscila Leal