Contra redução de direitos e salários, metroviários de SP podem parar nesta quarta
A greve será votada em assembleia da categoria nesta quarta-feira (30), após audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho. “Queremos garantia dos nossos direitos”, afirmam
Publicado: 30 Junho, 2020 - 12h48 | Última modificação: 01 Julho, 2020 - 10h56
Escrito por: Érica Aragão
“Queremos a garantia dos nossos direitos”, diz chamada do boletim do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, que convoca os trabalhadores e as trabalhadoras para uma assembleia virtual, que será realizada nesta terça-feira (30), a partir das 17h, para decidir se a categoria vai fazer greve ou não a partir da 0 hora desta quarta-feira (1º).
E a greve é por direitos e até mesmo salários que a companhia cortou em plena pandemia do novo coronavírus. Os trabalhadores do Metrô de São Paulo foram conferir seus demonstrativos de pagamento, na manhã desta terça-feira e viram que o salário de junho veio reduzido em torno de 30%. O diretor do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Marcos Freire, foi um dos que se surpreendeu com o corte no salário. Ele teve redução nos valores pagos referentes as horas extras, de 100% para 50%, e ao adicional noturno, de 50% para 20%.
A decisão unilateral da companhia de retirar direitos históricos da categoria já vinha sido avisada, tanto na primeira reunião virtual de negociação da Campanha Salarial de 2020 com representantes do governo de São Paulo e direção do Metrô, que aconteceu no último dia 25, quanto em carta enviada para o sindicato na noite desta segunda-feira (29).
“Nós tivemos a segunda reunião virtual de negociação ontem de manhã e pressionamos o Metrô para manter nosso Acordo Coletivo com garantia de direitos e eles ficaram de dar uma resposta depois das 18 horas. E deram, mandaram uma carta dizendo que a nossa reivindicação não demonstra vontade de negociar, jogaram a batata para gente e confirmaram a decisão de retirar direitos, reduzir salários e ainda mexer no plano de saúde mesmo sem fechar a campanha”, afirmou Marcos. [veja aqui outros direitos que o Metrô vai retirar]
Para os sindicalistas, quem não quer negociar é o Metrô e o governo de João Doria (PSDB). Em plena pandemia, enquanto a categoria é considerada essencial e luta para preservar vidas devido a muitos casos de contaminação de Covid-19, eles não aceitaram o pedido do sindicato de prorrogar o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) e só negociar após o estado de calamidade pública, como fez a Tresnsurb, empresa federal que fica no Rio Grande do Sul.
Segundo Marcos, a definição de parar ou não a partir da zero hora de hoje vai depender muito da negociação com o Tribunal Regional do Trabalho (TRT), na audiência de conciliação marcada para esta terça-feira partir das 15 horas.
“A gente quer de volta os nossos direitos, que foram retirados unilateralmente pelo Metrô que rompeu nosso processo de negociação e aplicou os descontos já neste mês, do salário referente ao mês de maio, e já quer implementar mais retirada de direitos no pagamento de julho. A categoria está muito receosa, mas está disposta, sim, a fazer greve. Doria e a direção do Metrô mexeram no bolso e inflamaram a luta”, ressalta Marcos.
Metrô e governo sempre recorrem à Justiça em Brasília
Quando o resultado das audiências de conciliação são positivas para o trabalhador e a trabalhadoras, já é de praxe o Metrô e o governo de SP recorrerem no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), em Brasília, para reverter a decisão e costumam ter êxito.
“É que lá as pessoas foram formadas com o jurista Ives Gandra, que é totalmente contra os trabalhadores e as trabalhadoras, e aí qualquer decisão favorável a qualquer categoria quando chega lá é revertida. E esta é a nossa preocupação”, afirma Marcos se referindo a um dos ministros do TST, Ives Gandra Martins Filho.
Veja o boletim da categoria