Contradição de PMs marca julgamento de presos políticos
Próxima audiência de manifestantes detidos antes de protesto contra o presidente ilegítimo Michel Temer será em novembro
Publicado: 23 Setembro, 2017 - 07h24 | Última modificação: 24 Setembro, 2017 - 19h40
Escrito por: Igor Carvalho
Nesta sexta-feira (22), em São Paulo, começou o julgamento dos dezoito jovens detidos no dia 4 de setembro de 2016, antes de uma manifestação contra o presidente ilegítimo Michel Temer.
A audiência terminou por volta das 17h30, quando os jovens saíram do Fórum aliviados. Horas antes, acompanharam os três policiais militares que depuseram caírem em contradições sobre as circunstâncias da prisão dos manifestantes.
Os PM’s se contradisseram sobre a cor da roupa dos jovens, também não foram precisos sobre o local em que estava quando foram comunicados da ocorrência e afirmaram que haviam notificado o Centro de Operações de Policiais Militares (Copom) sobre a prisão dos ativistas, mas o órgão nega que tenha sido alertado sobre o fato.
Na saída, Luiz Eduardo Greenhalgh, advogado de três dos 18 réus, mostrou otimismo com o julgamento. "Foi uma boa audiência, porque nós ouvimos três policiais militares que narraram os fatos e, em cada um dos seus depoimentos, o próximo a depor contradizia o anterior. É um emaranhado de contradições, que coloca em dúvida já na primeira audiência a versão acusatória.”
A juíza Cecilia Pinheiro da Fonseca, que acolheu a denúncia, determinou que uma nova audiência ocorrerá no dia 10 de novembro, quando as trinta testemunhas arroladas pela defesa serão escutadas.
Na saída, o vereador Eduardo Suplicy (PT) e o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), que são testemunhas da defesa, mostravam preocupação com a situação. “Esse julgamento é abusivo. Esses jovens são um símbolo de luta e defende-los é defender o direito de manifestação”, afirmou Suplicy.
Manifestação
Do lado de fora do Fórum, uma manifestação pedia a absolvição dos jovens. Antes do julgamento começar, a juíza informou que as famílias não poderiam acompanhar os réus, o que gerou preocupação nos parentes.
"Ela acolher essa denúncia já foi uma absurdo, agora nos proibir de acompanhar os nossos filhos, são todos jovens que precisam do amparo familiar. Esse processo todo é antidemocrático, não há como isso ser sério. Não tem sentido algum eu estar aqui hoje, não tem sentido meu filho ser julgado por algo que não é crime, que é se manifestar publicamente e colocar sua opinião sobre o país que vive", afirmou uma mãe que prefere não se identificar. "Se eu me identifico, descontam nele lá dentro", explicou.
“Esse julgamento é um absurdo, não querem a juventude na rua, protestando. O único intuito desse julgamento é coibir o direito de manifestação do povo brasileiro”, sentenciou Rosana Cunha, mãe de Gabriel Cunha, um dos réus.