Escrito por: Redação RBA
Junto com a ausência de políticas econômicas sólidas, incitações contra a democracia comandadas pelo presidente deterioram o cenário econômico, afirma Fausto Augusto Junior
Com o fim do carnaval, o mercado brasileiro entrou em “pânico” nesta quarta-feira (26), superando a queda dos principais mercados mundiais, abalados por conta das notícias sobre a disseminação da epidemia do coronavírus. Por aqui, a falta de rumo da política econômica do governo Bolsonaro deve ser agravada por conta da retração da economia mundial, em especial a da China, foco principal da infecção e principal parceira comercial do Brasil. Há ainda as tensões políticas estimuladas pelo próprio presidente, que ampliam as incertezas no cenário econômico.
Nesta quinta (27), ao meio-dia, o IBovespa registrava queda de 2,05%, e o dólar era cotado a R$ 4,49, o maior valor nominal da história. Um dia antes, quando também houve a confirmação do primeiro caso de coronavírus no Brasil, o tombo no mercado de ações foi de 7%, o maior desde 2017.
Para o diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Junior, a combinação da crise internacional com as sucessivas crises internas produzidas pelo governo Bolsonaro – a última delas, a convocação de apoio, pelo próprio presidente, à manifestação contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) – colocam o país cada vez mais distante das projeções de crescimento antes estipuladas pelo mercado para o ano de 2020.
“São várias questões, não é só efeito do Coronavírus, mas também das declarações do presidente durante o Carnaval. Tudo isso influencia o mercado”, afirmou o analista, em comentário para o Jornal Brasil Atual, na manhã desta quinta.
A tendência, segundo ele, é a produção nacional apresentar resultado mais parecido com o de 2019, com avanço estimado no Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de 0,89%. De acordo com o Boletim Focus – relatório do Banco Central (BC) produzido com base nas opiniões dos analistas de mercado –, divulgado na semana passada, a expectativa de crescimento do PIB deste ano caiu de 2,3% para 2,23%.
“Dizíamos que era muito improvável que passasse dos 2% nesse ano. Agora, com o efeito do vírus, devemos ver se confirmar essas expectativas. Vamos crescer menos, porque o mercado mundial vai crescer menos. Isso vai ter impacto nas nossas contas, mas também por não sabermos para onde rumar na economia, a partir do governo e suas posições, como essas brigas com o Congresso Nacional”, explicou o diretor do Dieese.
Entre os impactos na economia mundial em função da epidemia de Coronavírus, Fausto aponta a queda no turismo, com impacto nas ações das companhias áreas pelo mundo, e até mesmo a quebra de cadeias globais de produtos como smartphones e televisores.