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Covaxin na CPI: senadores condenam ameaça de Onyx e pedem proteção a testemunhas

“Se este senhor continuar, não temos outra coisa a fazer a não ser requisitar a sua prisão”, afirmou o relator Renan Calheiros (MDB-AL), referindo-se ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência

Publicado: 24 Junho, 2021 - 12h31 | Última modificação: 24 Junho, 2021 - 12h47

Escrito por: Redação RBA

Jefferson Rudy/Agência Senado
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O suposto caso de corrupção do governo Bolsonaro na compra da vacina Covaxin será investigado pela CPI da Covid. O presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), abriu a sessão desta quinta-feira (24) dizendo que enviou à Polícia Federal um pedido de proteção ao deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e ao irmão dele, o servidor público Luis Ricardo Miranda, que vão prestar depoimento amanhã.

Na última quarta-feira (23), Luis Miranda afirmou ter recebido pressões por parte do governo Bolsonaro para o fechamento da compra da vacina Covaxin. O parlamentar disse ainda que levou ao presidente Jair Bolsonaro provas de irregularidades, que teriam sido ignoradas pelo chefe do Executivo.

Ainda ontem, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, fez um pronunciamento público em tom de ameaça a Luis Miranda. “Deputado, Deus está vendo. Mas o senhor não vai só se entender com Deus, mas com a gente também. E vem mais. O senhor vai explicar e pagar pela irresponsabilidade, pelo mau-caratismo, pela denunciação caluniosa e pela produção de provas falsas”, prometeu.

Na sessão da CPI, o senador Humberto Costa (PT-PE) também pediu que Onyx Lorenzoni seja ouvido pela CPI. Segundo Humberto, o ministro teria usado “jargões milicianos” para fazer intimidações.

“Ele (Onyx) usou um jargão mafioso, de miliciano, por isso quero a convocação dele à CPI. Amanhã, inclusive, peço para que a sessão seja fechada aos senadores. É preciso haver uma limitação para a participação de outras pessoas, pois há uma clara intimidação ao depoente de amanhã”, disse o parlamentar.

Prisão de Onyx

O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou que Onyx Lorenzoni cometeu um crime ao tentar coagir a testemunha para evitar o avanço da investigação. O parlamentar disse que, caso se repita, será solicitada a prisão do integrante do governo federal.

“Essa comissão precisa dar respostas imediatas, e quando um caso desse se apresenta precisamos ter uma reação em nome da sociedade. Se este senhor continuar, não temos outra coisa a fazer a não ser requisitar a sua prisão”, afirmou Renan.

O vice-presidente da CPI da Covid, Randolfe Rodrigures (Rede-AP), disse que o caso da Covaxin será apreciado pela comissão, após pedido do próprio Luis Miranda. Ele também condenou a declaração do ministro. “É inaceitável ameaça à testemunha. A fala de Onyx, ontem, no meu entendimento, fere o Código Penal ao tentar impedir, através de ameaças, o funcionamento de uma CPI. Portanto, reforço a advertência do relator, porque não podemos aceitar uma obstrução contra a comissão.”

Renan Calheiros disse ainda que irá pedir à presidência da CPI proteção ao empresário Francisco Maximiano, da Precisa Medicamentos, que intermediou a compra da Covaxin. Maximiano prestará depoimento na comissão na próxima semana.

“Preciso também defender a segurança de vida do empresário da Precisa para não incorrermos em prevaricação. Ele será alvo a partir de agora, pois é uma testemunha importante após os fatos que gritam à sociedade. Nós sabemos os métodos que estamos enfrentando para não ocorrer uma repetição do que foi com Adriano da Nóbrega”, disse Calheiros, ao comparar com a situação com o caso do miliciano próximo à família Bolsonaro.