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Cozinha Solidária do MTST é despejada em Porto Alegre, mas seguirá em imóvel cedido

MTST, que organiza o projeto, diz que continuará a servir refeições no bairro a partir de um imóvel cedido por uma moradora

Publicado: 13 Outubro, 2021 - 12h23 | Última modificação: 13 Outubro, 2021 - 12h27

Escrito por: Luís Gomes – Sul21

Reprodução
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A Polícia Federal, com apoio da Brigada Militar, realizou na manhã desta quarta-feira (13) o despejo da Cozinha Solidária da Azenha, ocupação de um imóvel no bairro Azenha, em Porto Alegre, que desde o dia 26 de setembro tinha por objetivo servir refeições para moradores, trabalhadores e pessoas em situação de rua da comunidade em situação de vulnerabilidade alimentar.

A coordenação do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), que organizou a ocupação, afirma que as refeições continuarão a ser produzidas em um espaço cedido por uma moradora do bairro e oferecidas, a princípio, em uma praça.

A Cozinha Solidária da Azenha foi realizada em um terreno (Av. Azenha, 1018) que pertence à União, mas estava abandonado há anos. Por meio da Superintendência de Patrimônio, a União reivindicou a reintegração de posse desde o dia 27, o que foi concedido pela Justiça Federal no mesmo dia.

O MTST apresentou recurso ao Tribunal de Justiça e diversos pedidos de reconsideração à juíza Ana Maria Wicket Theisen, da 10ª Vara Federal de Porto Alegre, mas o último deles foi negado nesta terça-feira (12).

Por volta das 7h desta quarta, agentes da Polícia Federal e da Brigada Militar foram ao local para cumprir a decisão da juíza. Sem mais alternativas para discutir a ação na Justiça, os integrantes do MTST deixaram o local.

Coordenador do MTST, Eduardo Osório diz que, ao longo de 18 dias, a Cozinha Solidária serviu mais de 3 mil refeições, entre 150 e 200 por dia. A intenção do movimento é continuar a oferecer o serviço.

“Mesmo com o descaso do governo federal com o sofrimento, com a fome que assola o País, nós do MTST mantemos o compromisso de não interromper o funcionamento da Cozinha Solidária, de não deixar de atender essas 150 ou mais pessoas que dependem dessa refeição diariamente, nem que a gente tenha que cozinhar na praça. Mas o envolvimento da comunidade foi tão grande, que várias vizinhas ofereceram uma garagem, uma cozinha provisoriamente. Então, hoje, e nos próximos dias, conseguimos um espaço provisório para não interromper o funcionamento da Cozinha Solidária”, disse.

Nesta quarta, a Cozinha irá produzir o almoço na Marcílio Dias, 1641, um imóvel cedido por uma moradora do bairro que apoia e fez doações ao projeto. Mas a ideia, ao menos hoje, é de que o almoço seja oferecido em uma praça do bairro.

Na segunda-feira (11), o MTST se reuniu com o vice-governador do Estado, Ranolfo Vieira Júnior, para tratar da reintegração. Na ocasião, o movimento solicitou que o governo estadual interviesse na situação para evitar o despejo.

Ranolfo informou que o governo não poderia intervir, pois não era parte do processo, mas se comprometeu a disponibilizar, por meio da Secretaria de Igualdade, Cidadania, Direitos Humanos e Assistência Social, 200 refeições ao dia no PopRua RS, da avenida Aureliano de Figueiredo Pinto, 155, bairro Praia de Belas, para atender a demanda de pratos que eram servidos pelo MTST. A previsão é que essas refeições comecem a ser oferecidas no dia 19 de outubro.

Eduardo Osório pontuou que a demanda da Cozinha Solidária não necessariamente é a mesma que será atendida no PopRua, localizado a cerca de 3 km do local em que eram servidas as refeições. “Nós ficamos felizes que o governo do Estado tenha ampliado o número de refeições, mas não é a demanda que é atendida pela Cozinha Solidária da Azenha”, diz.

O imóvel ocupado pelo MTST deve ir a leilão neste mês de outubro.