Escrito por: Redação RBA
Entre os envolvidos no esquema estão Ricardo Barros, deputado e líder de Bolsonaro na Câmara, e o ex-diretor do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias
A CPI da Covid abriu uma nova linha de investigação que apura pagamentos mensais de propina a políticos e servidores ligados ao Ministério da Saúde via VTCLog, empresa privada que armazena e distribui vacinas. De acordo com o UOL, a suspeita é de que o esquema aconteça desde 2018.
A investigação revela que o esquema tenha distribuído até R$ 296 mil por mês ao líder do governo Bolsonaro na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), e outros dois deputados que ainda não foram revelados. O caso foi denunciado por uma ex-servidora da pasta e discutido em uma reunião de senadores, no último dia 6, na casa de Omar Aziz (PSD-AM), presidente da comissão.
Além disso, entre os beneficiários da propina também estaria o ex-diretor de logística da Saúde Roberto Ferreira Dias, preso por mentir em depoimento à CPI. Dias teria recebido R$ 99 mil mensais, enquanto esteve trabalhando na pasta.
Outro nome ligado a Ricardo Barros também é citado nas denúncias como operador do esquema: Adeílson Loureiro Cavalcante, secretário-executivo da Saúde na gestão Barros. Ao todo o esquema renderia R$ 990 mil por mês aos envolvidos.
VTCLog e o esquema
Anteriormente, a distribuição de vacinas e de outros insumos pelo governo federal era feita pelo próprio Ministério da Saúde, por meio da Central Nacional de Armazenamento e Distribuição de Imunobiológicos (Cedani), que existiu por cerca de 20 anos. Porém, enquanto ministro da Saúde, Barros extinguiu o órgão e, em seu lugar, entrou a empresa VTC Operadora Logística Ltda, conhecida como VTCLog.
A reportagem de Lucas Valença, do Uol, mostra que um parlamentar da CPI diz que novas testemunhas relataram a senadores que a “operadora logística” contratada durante a gestão Barros seria um meio para desviar recursos do Ministério da Saúde, inclusive durante a pandemia do novo coronavírus.
Com a entrada da VTCLog no Ministério da Saúde, o esquema de propina teria começado a funcionar prevendo distribuição de propina mensal pelos cinco anos seguintes. Ao todo, as suspeitas indicam que os desvios poderiam chegar a R$ 59,2 milhões, cerca de 10% do contrato assinado com a empresa.
Ao UOL, Barros e VTCLog negaram as acusações. Dias e Loureiro não se posicionaram. Os envolvidos já foram convocados pela CPI para prestarem depoimentos. Até o momento, apenas Dias foi ouvido.