CPI da Covid começa com depoimentos de ex-ministros da Saúde e fuga de Pazuello
Mandetta e Teich depõem nesta terça. Pazuello que ia ser ouvido amanhã avisou que não vai porque teve contato com uma pessoa infectada com Covid-19
Publicado: 04 Maio, 2021 - 12h54 | Última modificação: 04 Maio, 2021 - 13h29
Escrito por: Redação CUT
Os senadores que formam a comissão que vai apuar ações e omissões do governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) no combate à pandemia do novo coronavírus deram início nesta terça-feira (4) aos trabalhos da CPI da Covid, ouvindo os depoimentos dos ex-ministros da Saúde, mas o ministro que mais ignorou a pandemia, o general Eduardo Pazuello, que deveria depor nesta quarta-feira (5), deu um jeito de fugir dos questionamentos. Ele alegou ter tido contato com pessoas infectadas e, portanto, está em isolamento social, segundo informações do vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
O ex-ministro Luiz Henrique Mandetta já começou, na sequência, será ouvido Nelson Teich, que ficou no cargo menos de um mês. Ambos saíram por discordarem das orientações de Bolsonaro sobre o combate a pandemia. Eles resistiram a pressões para que a hidroxicloroquina, medicamento sem eficácia comprovada,fosse adotada como protocolo de combate à doença.
Mas, é Pazuello quem tem de responder a maioria dos 23 itens levantados pelo próprio governo que mostram o negacionismo, a falta de um comando nacional, o desprezo pela ciência ao tratar da pandemia que ja matou mais de 408 mil pessoas no país.
Entre as questões levantadas estão: o governo foi negligente com processo de aquisição e desacreditou a eficácia da CoronaVac (que atualmente se encontra no PNI [Programa Nacional de Imunização], minimizou a gravidade da pandemia (negacionismo), não incentivou a adoção de medidas restritivas, promoveu tratamento precoce sem evidências científicas comprovadas e retardou e negligenciou o enfrentamento à crise no Amazonas.
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A fuga do ex-ministro negacionista
O presidente da Comissão, Omar Aziz (PSD-AM), disse que aguarda um comunicado oficial sobre a possível ausência do ex-ministro militar. “O ministro Pazuello teve contato com dois coronéis auxiliares dele neste fim de semana, que estão com Covid. Segundo a informação que eu tenho, ele estará em quarentena e não virá depor amanhã. Não é oficial, é extra-oficial. Já conversaram comigo sobre isso”, disse o senador. “Ele anda sem máscara e não pode vir a CPI?”, ironizou a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA).
Repercussão
A ‘fuga’ de Pazuello repercutiu nas redes sociais. O perfil do PT no Senado questionou o que teme o general. “O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazzuello vai fugir do depoimento de amanhã. Ele, que é frequentemente fotografado passeando sem máscara, alega que não poderá comparecer à #CPIdaCovid porque teve contato com pessoas contaminadas. O que teme Pazuello?”
Na Câmara, mais reações dos deputados. “Pazuello avisou que não comparecerá ao Senado p/ depor na CPI da Covid porque suspeita que está contaminado pelo coronavírus. Ainda não sabemos se o ex-ministro já fez o teste. A única certeza que temos é que Pazuello e Bolsonaro estão morrendo de medo e querem fugir da CPI”, disse Marcelo Freixo (Psol-RJ).
Entre a população, a alegação de Pazuello também não foi aceita. Tanto que rapidamente a hashtag “Cagão” entrou como um dos principais tópicos em debate no final da manhã no Twitter.