Escrito por: Redação CUT

CPI da Covid começa com depoimentos de ex-ministros da Saúde e fuga de Pazuello

Mandetta e Teich depõem nesta terça. Pazuello que ia ser ouvido amanhã avisou que não vai porque teve contato com uma pessoa infectada com Covid-19

@José Dias/PR

Os senadores que formam a comissão que vai apuar ações e omissões do governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) no combate à pandemia do novo coronavírus deram início nesta terça-feira (4) aos trabalhos da CPI da Covid, ouvindo os depoimentos dos ex-ministros da Saúde, mas o ministro que mais ignorou a pandemia, o general Eduardo Pazuello, que deveria depor nesta quarta-feira (5), deu um jeito de fugir dos questionamentos. Ele alegou ter tido contato com pessoas infectadas e, portanto, está em isolamento social, segundo informações do vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

O ex-ministro Luiz Henrique Mandetta já começou, na sequência, será ouvido Nelson Teich, que ficou no cargo menos de um mês. Ambos saíram por discordarem das orientações de Bolsonaro sobre o combate a pandemia. Eles resistiram a pressões para que a hidroxicloroquina, medicamento sem eficácia comprovada,fosse adotada como protocolo de combate à doença.

Mas, é Pazuello quem tem de responder a maioria dos 23 itens levantados pelo próprio governo que mostram o negacionismo, a falta de um comando nacional, o desprezo pela ciência ao tratar da pandemia que ja matou mais de 408 mil pessoas no país. 

Entre as questões levantadas estão: o governo foi negligente com processo de aquisição e desacreditou a eficácia da CoronaVac (que atualmente se encontra no PNI [Programa Nacional de Imunização], minimizou a gravidade da pandemia (negacionismo), não incentivou a adoção de medidas restritivas, promoveu tratamento precoce sem evidências científicas comprovadas e  retardou e negligenciou o enfrentamento à crise no Amazonas.

Leia mais: 23 motivos para CPI da Covid-19 culpar Bolsonaro por descontrole da pandemia no país

A fuga do ex-ministro negacionista

O presidente da Comissão, Omar Aziz (PSD-AM), disse que aguarda um comunicado oficial sobre a possível ausência do ex-ministro militar. “O ministro Pazuello teve contato com dois coronéis auxiliares dele neste fim de semana, que estão com Covid. Segundo a informação que eu tenho, ele estará em quarentena e não virá depor amanhã. Não é oficial, é extra-oficial. Já conversaram comigo sobre isso”, disse o senador. “Ele anda sem máscara e não pode vir a CPI?”, ironizou a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA).

Repercussão

A ‘fuga’ de Pazuello repercutiu nas redes sociais. O perfil do PT no Senado questionou o que teme o general. “O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazzuello vai fugir do depoimento de amanhã. Ele, que é frequentemente fotografado passeando sem máscara, alega que não poderá comparecer à #CPIdaCovid porque teve contato com pessoas contaminadas. O que teme Pazuello?” 

Na Câmara, mais reações dos deputados. “Pazuello avisou que não comparecerá ao Senado p/ depor na CPI da Covid porque suspeita que está contaminado pelo coronavírus. Ainda não sabemos se o ex-ministro já fez o teste. A única certeza que temos é que Pazuello e Bolsonaro estão morrendo de medo e querem fugir da CPI”, disse Marcelo Freixo (Psol-RJ).

 “É muita cara de pau do Pazzuelo de dizer que não pode ir presencialmente à CPI do Genocídio porque teve contato com pessoas com covid. Logo ele, que desfilou sem máscara por um shopping de Manaus e ironizou a medida de proteção. É muita cara de pau ou é impressão minha?”, postou Fernanda Melchionna (PSOL-RS). Carlos Zarattini (PT-SP), foi na mesma linha. “Depois de se exibir sem máscara num shopping em Manaus, o brilhante general Pazzuelo alega sintomas de Covid pra não comparecer na CPI. Tá tremendo!!!!” Orlando Silva (PCdoB-SP) engrossou o coro: ” COVARDE! Pode andar sem máscara no shopping, mas não pode ir depor? É uma figura pusilânime. “.

Entre a população, a alegação de Pazuello também não foi aceita. Tanto que rapidamente a hashtag “Cagão” entrou como um dos principais tópicos em debate no final da manhã no Twitter.

Com apoio da RBA