CPI da Covid ouve auditor do TCU que divulgou falso estudo sobre mortes no país
Estudo fake foi divulgado por Bolsonaro e imediatamente desmentido pelo TCU
Publicado: 17 Agosto, 2021 - 09h15 | Última modificação: 17 Agosto, 2021 - 10h03
Escrito por: Redação CUT
A CPI da Covid do Senado, que apura ações e omissões do governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus, ouve nesta terça-feira (17), o auditor do Tribunal de Contas da União (TCU) Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, que teria divulgado um falso estudo sobre casos da doença no Brasil.
Bolsonaro citou como um documento oficial do TCU, o estudo paralelo segundo o qual metade das mortes confirmadas no Brasil em decorrência de complicações causadas pela Covid-19 não teria ocorrido. Em junho, o auditor foi afastado do cargo.
Haveria supernotificação, segundo o presidente, citando um relatório que foi logo distribuído a publicações alinhadas ao Palácio do Planalto e nas redes bolsonaristas.
Em depoimento ao TCU no último dia 28, o auditor disse que o documento foi manipulado após ter sido recebido pelo presidente da República. Marques prestou depoimento à comissão constituída no tribunal para investigar sua conduta por meio de um processo disciplinar aberto pela direção do órgão.
Um relatório foi de fato elaborado pelo servidor do TCU, mas sem se constituir documento oficial do tribunal. O auditor Marques elaborou e o compartilhou com seu pai, o coronel da reserva do Exército Ricardo Silva Marques. O coronel e Bolsonaro estudaram juntos na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman).
Outro depoimento
Tambem nesta terça, deve depor o ex-secretário d a Saúde do Distrito Federal Francisco de Araújo Filho, envolvido na Operação Falso Negativo, deflagrada pelo Ministério Público do Distrito Federal, que descobriu irregularidades na aquisição de testes para o coronavírus. Francisco de Araújo Filho chegou a ser preso e denunciado por organização criminosa, fraude à licitação e desvio de dinheiro público.
Acareação suspensa
A cúpula da CPI da Covid decidiu, em reunião na noite desta segunda-feira (16), suspender a acareação entre o ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni, e o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF).
A reunião para confrontar as versões do ministro e do parlamentar sobre invoices (notas fiscais internacionais) da negociação entre o Ministério da Saúde e a Precisa Medicamentos, para a compra da vacina Covaxin, estava prevista para esta quarta (18).
No lugar da acareação, os integrantes da cúpula da CPI decidiram colocar o depoimento de Túlio Silveira, advogado da Precisa Medicamentos – empresa que intermediou a negociação suspeita entre o governo brasileiro e o laboratório indiano que desenvolveu a Covaxin.
Os senadores avaliaram que uma acareação entre o ministro e o deputado seria pouco produtiva e poderia ser explorada pelo governo para tentar atacar a CPI e os integrantes de oposição ao Palácio do Planalto.
Com informações da Agência Senado.