CPI da Covid ouve dono da Precisa, intermediário na compra de vacina superfaturada
Francisco Maximiano, também dono da Global, outra empresa envolvida em denúncias de corrupção, atuou como intermediário na compra da vacina Covaxin, por um valor superfaturado em 1.000%
Publicado: 19 Agosto, 2021 - 10h33 | Última modificação: 19 Agosto, 2021 - 10h49
Escrito por: Redação CUT
A CPI da Covid do Senado, que apura ações e omissões do governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus, ouve nesta quinta-feira (19) o depoimento do sócio-proprietário da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano, que atuou como intermediário entre o Ministério da Saúde e a Baraht Biotech, fabricante da vacina indiana Covaxin, que seria comprada por um valor superfaturado em 1.000%.
O depoimento de Maximiano já adiado por quatro vezes. A primeira tentativa para ouvi-lo ocorreu em 23 de junho, mas os advogados avisaram na véspera que ele estava em quarentena, após retornar da Índia. Em 1º de julho, Maximiniano conseguiu um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF). Já em 14 de julho, a CPI optou por dar continuidade ao depoimento da diretora-técnica da empresa, Emanuela Medrades, que não havia terminado na véspera. Por fim, na oitiva marcada para 4 de agosto, o empresário pediu novo adiamento porque estava na Índia.
Francisco Maximiano e a Precisa entraram na mira da CPI após denúncia do servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, de que fora pressionado para acelerar a compra. Seu irmão, o deputado Federal Luis Miranda (DEM-DF), também depôs na comissão e reforçou que o governo se omitiu ante as denúncias. Ambos disseram ter avisado Bolsonaro sobre a movimentação suspeita e a suposta fraude na contratação entre Saúde e Biontech, mas contrato só foi foi cancelado em julho, depois e vir à tona na CPI.
A Precisa Medicamentos é sócia de outra empresa, a Global Saúde, acusada de não ter cumprido contrato fechado com o Ministério da Saúde para fornecer remédios de alto custo. Além disso, o empresário Francisco Maximiano teria usado suas empresas para transações fajutas envolvendo carros de luxo em Brasília, com a finalidade de lavar dinheiro.
A Precisa Medicamentos foi criada em 1999 como uma farmácia, a Drogaria Precisa, em Santos, no litoral paulista. Maximiano se tornou dono em 2014, quando comprou a empresa da Orizon, que pertencia ao grupo Bradesco.
Antes da pandemia do novo coronavírus, o maior campo de atuação da empresa junto ao governo federal era o fornecimento de preservativos para o Sistema Único de Saúde (SUS). Em novembro do ano passado, o Ministério da Saúde acertou com a empresa a compra de 5 milhões de unidades por R$ 15,75 milhões.
O fornecedor da Precisa, nesse caso, é outra fabricante indiana, a Cupid. Este contrato foi assinado pelo Departamento de Logística em Saúde (DLOG), que foi chefiado por Roberto Ferreira Dias, demitido do cargo após acusação de cobrar propina para fechar uma compra de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca.
A Precisa também é alvo da Operação Falso Negativo. A empresa, que teria sido favorecida em licitação para venda de testes rápidos de diagnóstico para Covid ao governo do Distrito Federal, descumpriu os parâmetros ao fazer uma entrega com atraso, mas não foi punida por isso e mantida como fornecedora dos testes, de acordo com o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MP-DFT).