Escrito por: Marize Muniz
Ele é suspeito de intermediar a compra superfaturada em 1.000% da vacina indiana Covaxin, produzida pelo laboratório Bharat Biotech
A CPI da Covid do Senado ouve nesta quinta-feira (12), a partir das 9h30, o líder do Governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), ex-ministro da Saúde do governo de Michel Temer (MDB-SP), entre 2016 e 2018.
Barros é suspeito de ser o mentor por trás das supostas irregularidades na compra superfaturada em 1.000% da vacina indiana Covaxin, produzida pelo laboratório Bharat Biotech.
O Ministério da Saúde firmou, em tempo recorde, acordo para a produção de 20 milhões de doses da Covaxin, no valor total de R$ 1,614 bilhão - cada dose custa US$ 15 (R$ 80), muito mais caro do que as outras vacinas que estavam sendo aplicadas ou negociadas na ocasião. O acordo foi cancelado este ano depois das denúncias.
Confira os preços das doses das outras vacinas:
O deputado Luís Miranda (DEM-DF), irmão do servidor do Ministério da Saúde, Luís Ricardo Miranda, que denunciou a pressão para comprar a vacina indiana, disse aos senadores em depoimento prestado no final de junho que falou sobre as irregularidades com Bolsonaro que nada fez, mas disse durante a audiência que desconfiava da participação de Barros na negociata.
A Polícia Federal (PF) instaurou inquérito para apurar a suspeita de crime de prevaricação de Bolsonaro.
Os senadores também querem esclarecer a relação de Barros com Francisco Maximiano, dono da Precisa Medicamentos, que teria intermediado a venda de vacinas da Covaxin para o Ministério da Saúde.
Maximiano é sócio de outra empresa, a Global Gestão em Saúde, que intermediou contrato suspeito com o Ministério da Saúde, quando Barros chefiava a pasta.
Sugerida pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), a oitiva estava prevista para ocorrer antes do recesso parlamentar, mas foi adiada, o que levou Ricardo Barros a ingressar no Supremo Tribunal Federal (STF) com um pedido para determinar que a CPI tomasse seu depoimento ainda em julho. O ministro Ricardo Lewandowski indeferiu o pedido, mas garantiu ao deputado acesso aos documentos reunidos pela CPI que o envolvam.
Parte desses documentos foi obtida por meio da transferência dos sigilos telefônico, fiscal, bancário e telemático do deputado Ricardo Barros, aprovada pela CPI.
Com informações da Agência Senado.