CPI da Covid ouve Osmar Terra, 'padrinho' do 'gabinete paralelo. Assista aqui
Na quarta, CPI ouve empresário que intermediou compra da vacina indiana Covaxin por preço 1.000% mais alto do que o estimado pelo fabricante
Publicado: 22 Junho, 2021 - 10h21 | Última modificação: 22 Junho, 2021 - 11h54
Escrito por: Redação CUT
O deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) será ouvido nesta terça-feira (22) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), CPI da Covid, que investiga ações e omissões do governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus.
O deputado e ex-ministro da Cidadania é apontado como integrante do “gabinete paralelo” que orientava Bolsonaro no enfrentamento à pandemia e deve depor na condição de convidado.
A participação de Osmar Terra no “gabinete paralelo” foi citada pela primeira vez em maio, durante depoimento do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. Na ocasião, Mandetta afirmou que “outras pessoas” buscavam desautorizar orientações do Ministério da Saúde a Jair Bolsonaro. Entre eles, o ex-ministro da Cidadania.
Governo pagou 1.000% a mais por vacina
Na quarta-feira (23), a CPI da Covid vai ouvir o empresário Francisco Emerson Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos, que intermediou a compra da vacina indiana Covaxin por US$ 15 a dose, 1.000% mais cara do que o valor informado seis meses antes.
A comissão possui documento de inquérito do Ministério Público Federal que mostraria a Precisa como “intermediária” na compra da vacina indiana Covaxin antes da aprovação pela Anvisa. A CPI já aprovou a quebra dos sigilos telefônico, telemático, fiscal e bancário de Maximiano. Os senadores afirmam que o governo Bolsonaro mostrou empenho para comprar o imunizante, enquanto boicotou a Pfizer e a CoronaVac sistematicamente.
O contrato negociado pela Covaxin teria o valor de R$ 1,6 bilhão, com o preço de US$ 15 por dose. De acordo com reportagem de Julia Affonso, publicada nesta terça no jornal O Estado de S.Paulo, telegrama localizado na embaixada brasileira na Índia, datado de agosto, sugeria o valor de US$ 1,34 por dose do imunizante da Bharat Biotech. Ou seja, o valor da compra, seis meses depois, ficou pouco mais de 1.000%, ou 11 vezes mais caro.
Segundo o jornal O Globo, o período entre a negociação e a assinatura do contrato para comprar a Covaxin demorou 97 dias. Com a Pfizer as tratativas levaram 330 dias e com a Sinovac, 154 dias. A AztraZeneca consumiu 123 dias de negociação e a da Janssen 184 dias.
Um servidor da área técnica do Ministério da Saúde afirmou ter “sofrido pressão atípica” da gestão de Eduardo Pazuello, na tentativa de garantir a importação da vacina indiana, a mais cara. O funcionário declarou que a pressão era exercida pelo tenente-coronel Alex Lial Marinho – homem de confiança de Pazuello.
Na quinta-feira (24), os senadores recebem Filipe Martins, assessor internacional da Presidência da República, mais conhecido por fazer um gesto supremacista branco dos Estados Unidos no Senado. Na sexta (25), serão ouvidos Pedro Hallal, epidemiologista da Universidade Federal de Pelotas, e Jurema Werneck, diretora-executiva da Anistia Internacional.
Confira a agenda da CPI na semana
Terça-feira (22) – deputado Osmar Terra (MDB-RS)
Quarta-feira (23) – Francisco Emerson Maximiano (sócio da Precisa Medicamentos)
Quinta-feira (24) – Filipe Martins (assessor internacional da Presidência da República)
Sexta-feira (25) – Pedro Hallal (epidemiologista da Universidade Federal de Pelotas), e Jurema Werneck (diretora-executiva da Anistia Internacional)
Com informações da RBA e da Agência Senado