Escrito por: Redação CUT

CPI da Covid ouve nesta 6ª servidor que denunciou compra de vacina 1000% mais cara

Irmão do servidor, deputado federal que afirma que avisou Bolsonaro sobre indícios de irregularidades também estará presente

Divulgação/Ministério da Saúde

Os senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito -  CPI da Covid -, que apuravam ações e omissões do governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) no combate a pandemia do novo coronavírus, agora vão apurar também denúncia de corrupção na compra de vacinas superfaturadas.

A CPI da Covid marcou para esta sexta-feira (25), depoimento do servidor do Ministério da Saúde Luís Ricardo Miranda, que deverá explicar a pressão que diz ter sofrido para liberar a importação da vacina indiana Covaxin por um preço muito mais alto do que todas as outras vacinas adquiridas pelo Brasil.

O deputado Luís Miranda (DEM-DF), irmão do servidor, pediu à comissão para estar presente. Ele vem dizendo à imprensa que  alertou Bolsonaro sobre indícios de irregularidade na negociação da Covaxin.

Os senadores também aprovaram requerimento de convocação do tenente-coronal Alex Lial Marinho, braço direito do ex-ministro general  Eduardo Pazuello. Marinho ocupava o cargo de coordenador-geral de Logística de Insumos Estratégicos para a Saúde e seria um dos autores da pressão em benefício da vacina indiana, segundo os jornais.

A CPI aprovou a quebra de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático de Lial Marinho.

Entenda o caso

O valor pago pelo governo pela vacina indiana Covaxin, produzida pelo labotaratório Bharat Biotech, é  1000% superior ao estimado por executivos da empresa em agosto do ano passado. Mesmo assim,o Ministério da Saúde firmou, em tempo recorde, acordo para a produção de 20 milhões de doses, no valor total de R$ 1,614 bilhão -  cada dose custa US$ 15 (R$ 80).

Confira os preços  das doses das outras vacinas:

Na semana passada, a Folha de S.Paulo publicou reportagem revelando que o servidor prestou depoimento ao Ministério Público Federal (MPF) no dia 31 de março,. Ele disse aos procuradores que sofreu uma pressão atípica para liberar a importação da Covaxin que nem era aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Miranda disse ainda que seus superiores também pediram para que ele obtivesse a "exceção da exceção" junto à Anvisa para a liberação da imunização.

De acordo com a Folha, um inquérito civil público em curso na Procuradoria da República no DF, apontou cláusulas benevolentes no contrato assinado entre a Precisa Medicamentos, que intermediou a negociação para a compra da Covaxin, e o Ministério da Saúde; quebra contratual, com o desrespeito dos prazos acertados; e suspeita de favorecimento à empresa Precisa.

O Ministério Público Federal enxergou indícios de crime e desmembrou a investigação. A parte relacionada à aquisição da vacina Covaxin foi enviada no último dia 16 para um ofício da Procuradoria que cuida de combate à corrupção, diz o jornal.